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Há 106 anos nascia Godofredo Filho

Literatura - 29/03/2010
Há 106 anos nascia Godofredo Filho Godofredo Filho: grande defensor do patrimônio público - Reprodução

Nascido em Feira de Santana, no dia 26 de abril de 1904. Era filho do casal Godofredo Rebello de Figueredo e Esther Magalhães Carneiro de Figueredo.

Fez as primeiras letras aqui em Feira de Santana, continuando os seus estudos no Seminário Arquiepiscopal Santa Teresa, fazendo o curso de Humanidades,  cursando depois o Ginásio da Bahia. Cursou Filosofia e Arte Brasileira, dedicando-se às Letras e ao Magistério.

Godofredo Filho durante muito tempo foi conservador do Patrimônio Histórico e Artístico do Ministério da Educação e Cultura, dirigindo também o 2º  Distrito do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) – Bahia  e Sergipe – tombando igrejas, capelas, solares, sítios e tudo o que representa o passado cultural do Estado.
            Godofredo foi um grande defensor do patrimônio público, resistiu com grande luta na demolição da Igreja da Sé, em Salvador. Escreveu vários artigos em jornais combatendo aquela atitude, além do empenho pessoal que empreendeu junto às autoridades.

Como profissional foi um brilhante professor, lecionando na Escola Normal em Feira de Santana; História do Brasil na Escola de Belas Artes e Estética na Faculdade de Filosofia da UFBA. Foi representante do Brasil na UNESCO, (1951) no Comitê Internacional de Sítios de Arte e História, sediada em Paris. Era membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia; do Instituto de Geologia da Bahia, do Instituto de Filosofia e União Baiana de Escritores, do Conselho Estadual de Cultura, onde foi presidente. Exerceu também a direção da ala de Letras e Artes do Centro de Estudos Baianos e do Conselho de Assistência ao Plano de Urbanismo da Cidade de Salvador. Em 1959, ocupou a cadeira de nº 19 da Academia de Letras da Bahia.

Em 1956, foi membro da Delegação Brasileira no II Congresso de Cooperação Intelectual, realizado em Santander, na Espanha. Visitou nessa ocasião vários países da Europa. Serviu-se dessa oportunidade para o estudo das manifestações plásticas do Barroco.

Foi condecorado com a medalha Olavo Bilac, do Exército e a Ordem do Mérito na Bahia.

Como escritor e poeta deixou um legado aos amantes da cultura e arte. De acordo com os críticos, Godofredo foi o pioneiro da poesia modernista na Bahia. Dentre os seus trabalhos em prosa: “Seminário de Belém de Cachoeira”, “A Torre e o Castelo de Garcia D’Ávila”, “Introdução ao Estudo da Casa Baiana” “Introdução Crítica ao Navio Negreiro de Castro Alves”, “Influências Orientais na Pintura Jesuítas na Bahia, “Pethion de Villar”, “Um Grande e Esquecido Poeta”, “Guia Poético”, “Fundamentos da Estética Psicológica” publicada pelo Centro de Estudos da UFBA, “Dimensão Histórica da Visita de D. Pedro II a Feira de Santana”. Escreveu também a peça “Auto de Graça e Glória da Bahia” encenada em 1949, por ocasião das comemorações do quarto centenário da cidade de Salvador.

Entre seus livros de poesias estão as obras: “Poema de Ouro Preto” (1932),  “Poema das Rosas” (1952) “Lamento da Perdição de Enone” (1959), “Sonetos e Canções” (1954 - comemorativo dos 50 anos do poeta), “Cinco Poetas” (1966-antologia), “Balada da dor de corno”, “Sete sonetos do Vinho”, Solilóquio (em homenagem aos 70 anos), “Breve Cancioneiro do Natal” e “Ladeira da Misericórdia”, “Poema de Feira de Santana” ( 1926 e 1977).
            Todas as suas produções literárias eram de pequenas tiragens, as quais distribuía com os amigos.Em 1987, no governo do feirense, Dr. João Durval Carneiro e  do então Secretário da Educação e Cultura do Estado, o também feirense Edivaldo Boaventura, tiveram a iniciativa de reunir a  obra poética de Godofredo num único volume, intitulado “Irmã Poesia” (1926-1986).

No dia 22 de agosto de 1992 tombou o grande vate feirense, a cadeira de nº 19 da Academia de Letras da Bahia ficou vazia e Feira de Santana, sua terra natal, chorou a perda do seu eterno amante, como se expressou neste poema:
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“minha terra
primeiros braços que me apertaram primeiros lábios que
beijei.
...
“horizonte de minha terra que me educaram
ainda quisera ser limitado por ela
minha terra boa boa
minha terra minha
é lá que quero dormir ao acalento daquele céu tão manso
dormir o meu grande sono sem felicidade ou tortura de
sonho
muito longo muito longo
dentro do enorme coração vermelho                                                     do chão florido”.

 


Lélia Vitor Fernandes de Oliveira
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