Deputados da base do governador Jaques Wagner aproveitaram o momento em que o monumental painel Procissão de Bom Jesus dos Navegantes, situado no interior do Plenário, do artista plástico Carlos Bastos, já falecido, foi retirada para restauração para “acrescentar” novas figuras do cenário local da política baiana. A proposta vem sendo defendida pelo deputado Paulo Rangel (PT) e tem encontrado forte resistência dos parlamentares.

“A obra Procissão de Bom Jesus dos Navegantes retratou um determinado momento histórico, função de toda e qualquer obra de arte. Já imaginou se, por uma questão de modernidade alguém querer mudar o enigmático sorriso da Monalisa de Leonardo da Vinci? A sugestão para esse impasse é se produzir uma nova obra e contemplar a vontade dos deputados, e não alterar o trabalho existente, de Carlos Bastos, que retratou muito bem o determinado momento histórico, expressando toda sua criatividade nessa belíssima obra de arte. Esse quadro não pode ser mudado”, defendeu Carlos Geilson.

O parlamentar disse que, numa nova obra cada deputado poderia sugerir nomes. “O deputado Leur Lomanto Júnior, com certeza gostaria de ver retratado a figura do seu avô, o ex-governador Lomanto Junior. O próprio Paulo Rangel iria propor o nome do ex-governador Waldir Pires e o atual Jaques Wagner e eu sugeriria o nome do ex-deputado federal Chico Pinto, que lutou contra a ditadura. O deputado Pedro Tavares, com certeza, iria querer incluir o líder do PMDB Geddel Vieira Lima e o comunista Álvaro Gomes não deixaria de fora seus líderes Hugo Chaves, Fidel Castro e, quem sabe, o próprio Haroldo Lima”, ironizou Geilson. “Portanto, iriamos retratar um novo momento numa nova obra de arte. Alterar a existente é impossível, sou contra, os artistas e toda a sociedade também o serão. Estamos aqui envolvidos numa discussão inócua e despropositada”, enfatizou Carlos Geilson

O painel Procissão de Bom Jesus dos Navegantes, o pintor reproduziu, em 1993, uma tradição popular centenária da Bahia, a Procissão do Senhor dos Navegantes, realizada a cada dia primeiro de janeiro, na qual a embarcação principal, a galeota Gratidão do Povo 1892 conduz a imagem de Jesus crucificado. Dentro deste barco, e em outros menores, o artista apresenta vultos do cenário estadual como políticos, escritores, músicos, cantores, entre outros. Sob o oceano, criaturas míticas, evocação às religiões afro-brasileiras e outras personalidades de destaque. No céu, são visíveis anjos e expoentes ligados a arte e a religião. No mar e no ar as figuras se unem, formando um círculo que emoldura as embarcações.