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Câmara ouve estudantes sobre carências do transporte coletivo

Política - 26/05/2011
Câmara ouve estudantes sobre carências do transporte coletivo Estuidantes fizeram parte da mesa ao lado de autoridades

A Câmara Municipal realizou nesta quinta-feira (26) mais uma audiência pública convocada pela Comissão de Direitos Humanos, Meio Ambiente e Defesa do Consumidor do Legislativo para debater sobre o transporte coletivo em Feira de Santana. Foi a segunda dessa natureza este mês. Estudantes secundaristas e de nível superior lotaram as galerias e fizeram pronunciamentos chamando a atenção para os problemas no setor que afligem a categoria.

Além de lideranças estudantis, a mesa que conduziu os trabalhos, sob a coordenação do presidente da Comissão, Marialvo Barreto, contou com a presença do deputado estadual Zé Neto. A 64ª Companhia da Polícia Militar esteve representada pelo tenente Josemar de Lima Bezerra. No final da audiência pública, os estudantes assinaram a ata do evento, que vai ser encaminhada às autoridades municipais.

O primeiro a discursar foi o deputado Zé Neto. “Entristece não encontrar autoridade do governo do município para um debate franco com a sociedade. As autoridades devem se pronunciar e fazer parte dessas discussões”, afirmou. Ele lembrou de problemas relacionados ao transporte a exemplo do débito da Prefeitura, de mais de R$ 800 mil, com os proprietários de vans do transporte complementar.

Para o deputado, as vans devem voltar a fazer seu trabalho independente das empresas de ônibus. “Com a competitividade que havia, o serviço era melhor”. O Sistema Integrado de Transportes, segundo ele, montou um esquema de linhas que diminuiu número de ônibus per capta. “Não é transbordo, mas “transgodo”, afirmou, sobre as estações de transbordo.

“Feira é a cidade do país que mais tem motocicleta. Ninguém suporta esperar pelo ônibus. Veículos percorrem o centro da cidade, para reduzir custos para os empresários e o estudante é quem tem sofrido mais na pele, por preço e serviço”, assinalou. O petista vê falta de transparência no setor, especialmente em relação a planilha que serve como base do reajuste da tarifa, o que gera “perda muito grande, pois os preços são elevados para a população”.

 

Dirigentes do DCE e AMES integraram a Mesa e

fizeram discursos sobre deficiências do sistema

Convidados para compor a mesa dos trabalhos durante a audiência pública da Câmara Municipal, realizada na manhã desta sexta-feira (26), para debater os problemas do transporte coletivo na cidade, os estudantes Iuri Santana, do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e Eslane Silva, presidente da Associação dos Estudantes Secundaristas (AMES), discursaram em seguida. Iuri relatou sobre as deficiências do sistema de transporte integrado.

“Foi implementado às pressas e corta a cidade ao meio. São 188 ônibus para 600 mil habitantes. Aracaju tem quase 500 veículos com uma população semelhante”. Ele disse que a planilha que serve de parâmetro para o reajuste da tarifa é “fraudulenta”. Relembrou aspectos abordados na audiência pública anterior por um professor da Uefs, “que desmoralizou a planilha utilizada, mostrando os índices defasados de componentes como pneus, combustível, entre outros”.

Eslane reclamou da ausência dos vereadores na audiência pública. “O movimento repudia essa falta dos vereadores em um evento de tamanha importância para a comunidade. Quando é para votar contra projetos de interesse dos estudantes, eles estão todos presentes, mas para um debate dessa natureza, sobre o passe-livre para a nossa categoria, poucos comparecem”. Conclamou os estudantes a organizar-se.

Ela disse que o diretor do Instituto Gastão Guimarães puniu estudantes, impedindo-os de fazer prova, porque participaram de manifestação este ano. Os alunos da instituição, sentindo-se ameaçados, não compareceram à sessão. “O Colégio Estadual também dificulta a liberação dos estudantes e o pessoal do Ecassa não consegue formar seu grêmio”. Ela criticou o atraso dos ônibus e o estado dos veículos.

“Frequentemente, temos casos de ônibus quebrados e até sem freios. Nada é feito em relação a isso”. Lamentou ainda que o governo municipal não tenha acatado a inclusão da Uefs e da AMES no Conselho Municipal de Transportes. “O Conselho só serve para aumentar passagem, não faz nenhuma defesa dos interesses dos usuários”, protestou.

  

Microfone aberto nas galerias proporcionou

pronunciamento de vários estudantes

Após os discursos em plenário, o vereador Marialvo Barreto, presidente da Comissão de Direitos Humanos, Meio Ambiente e Defesa do Consumidor do Legislativo, requerente da audiência pública desta sexta-feira, abriu espaço para que as pessoas presentes nas galerias pudessem fazer pronunciamentos sobre o transporte urbano. Vários estudantes se manifestaram. Alguns protestaram por conta da falta de um projeto que institua o passe-livre para os estudantes. Outros, criticaram o Governo Municipal, que não enviou representantes. Houve críticas também à ação da Polícia Militar, durante manifestações no centro da cidade ou nas reuniões do Conselho de Transportes.

Uma estudante que se identificou como Maria disse que o índice de passageiros por quilômetro rodado em Feira é o mais caro do país. “Recife tem meia-passagem para toda a população no fim de semana”, comparou. “Violência não é ônibus queimado. É a tarifa elevada. Fogo ainda é pouco nessa realidade”, disse, indignada.

Outro estudante disse que o secretário de Transportes, Flailton Frankles, compareceu à posse da reitoria da Uefs, recentemente, “mas não está aqui, nem justifica”. “Está com medo de alguma coisa?” questionou. Segundo ele, o movimento estudantil solicitou, mas a planilha que serve como base para o reajuste da tarifa “até hoje não foi entregue”. Defendeu que “tem que refazer o Conselho (de Transportes)”.

Um aluno secundarista disse que os melhores ônibus do sistema de transportes são colocados para rodar para a Universidade Estadual de Feira de Santana. “Para não haver manifestações”, observou.

O tenente Josemar de Lima Bezerra, que representava o major Jader Martins na audiência, disse que a PM compreende que os estudantes estão lutando por seus interesses. “Nosso objetivo é garantir a integridade de vocês. Mas há, dentro do grupo (de manifestantes), alguns que vão no intuito de fazer baderna”.

 

Conteúdo da audiência pública vai ser

encaminhado através de ata ao prefeito

Todo o conteúdo dos discursos da audiência pública realizada pela Câmara sobre a situação do transporte coletivo em Feira de Santana será registrado em ata e uma cópia do documento vai ser remetida às autoridades municipais, afirmou o vereador Marialvo Barreto. Ele coordenou os trabalhos do debate, como presidente da Comissão de Direitos Humanos, Meio Ambiente e Defesa do Consumidor da Casa da Cidadania.

“Lamentavelmente, não tivemos representação do Governo Municipal neste encontro importante para a sociedade, mas nossa parte será feita. A Câmara encaminhará o teor dessas discussões para o prefeito Tarcízio Pimenta. Ele deverá analisar todas essas demandas”, disse ele.

Pelos pronunciamentos registrados na audiência pública, Marialvo disse que é possível sentir quais são as grandes reivindicações dos estudantes em relação ao transporte urbano em Feira. “Temos um sentimento muito forte de indignação em relação ao Conselho de Transportes, que não atende as expectativas; o Sistema Integrado que precisa ser revisto, o passe-livre para os estudantes nos ônibus e a melhoria das condições dos veículos, bem como a ampliação das linhas”, afirmou o petista.

Sobre as críticas feitas por alguns estudantes à Câmara, ele disse que o parlamento não é algo “inválido”, como um deles chegou a afirmar. “O Poder Legislativo contribui, mas é importante a pressão popular. Quem imaginar que apenas os políticos, por sua vontade, vão solucionar os problemas está enganado. É preciso manter o movimento nas ruas”.

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