Erhi Araujo
No Brasil, e em Feira de Santana não é diferente, aquele que produz (e arte se faz com produção de qualidade) encontra dificuldades, principalmente em grupos de pessoas sem a mesma qualificação para produzir, mas com a disposição constante de minar os projetos de valor que são levados ao grande público, muitas vezes encobrindo o verdadeiro arquiteto das idéias e construção delas em apresentações de valor.
O artista feirense Erhi Araujo, um homem multi-cultural por conta das suas atividades nos campos da literatura, música, jornalismo, como performer e agora como aluno da Escola de Teatro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte foi, durante aproximadamente seis anos, de 2001 a 2007, o criador e articulador de um dos mais importantes eventos culturais de Feira de Santana e da região, o ARRAIÁ, como era denominada a manifestação junina que normalmente tinha início alguns dias antes do São João, acontecendo, em princípio no Mercado de Arte Popular, o MAP, e logo depois, na Praça Bernardino Bahia, ampliado e com a denominação de ARRAIÁ DO COMÉRCIO, no coração da cidade, oportunizando aos comerciários e à população em geral, uma diversão maior e bem interessante antes da chegada do São João de São José, festa organizada pela Prefeitura Municipal.
Os ARRAIÁ DO MAP E O DO COMÉRCIO foram eventos que tiveram como mentor o artista Erhi Araújo. A sua idéia era a de se ter nos dois espaços festivos e artísticos diversas possibilidades culturais. Assim, no interior do Mercado de Arte do qual era coordenador de eventos, a população teria acesso a apresentações de trios de forró, com as belas músicas juninas, cantores, quadrilhas juninas, cordel, e nesse item, participei ao lado de Geraldo Lima e Franklin Machado da leitura do ABC de Lucas da Feira, sempre com a locução do radialista Roque Sena; enquanto na Praça Bernardino Bahia, além de músicas de forró com participação de artistas da terra como cantores, sambadores, repentistas, músicos, e de artistas de outras localidades e cidades vizinhas o público presente podia deliciar o milho, a canjica, os licores, o amendoim, a laranja, os bolos de milho, de puba e aimpim e outras guloseimas nordestinas, e o povo a dançar, deixando de lado o estresse do cotidiano.
O evento ARRAIÁ, durante o período em que o multi-cultural Erhi Araujo esteve à frente teve o apoio do Banco do Nordeste, Sesi e outras instituições que viram no evento uma oportunidade de crescimento ainda maior. Entretanto, com a dinamização do evento, com a grande receptividade por parte do grande público, os "trabalhos" de bastidores começaram a ser "desenvolvidos" por grupos de outros interesses e o principal mentor do projeto afastou-se por conta das ingerências de outros. Com a saída de Erhi Araujo da coordenação, o evento foi sendo esvaziado e, sem o brilho de antes, foi minguando.
Na verdade, as idéias do artista feirense, os projetos que ia construindo eram muito mais amplos do que o ARRAIÁ junino. E, para os que conhecem a importância de se desenvolver manifestações culturais com base na história do próprio povo, Erhi Araujo era considerado por quem tinha e tem olhos de ver, como o primeiro e único animador cultural do Mercado de Arte Popular e mentor real do ARRAIÁ DO COMÉRCIO, além de movimentar todo o espaço do MAP, "mesmo em condições adversas", como assegurou o mulitimidia Geraldo Lima, abrindo espaços para a realização de eventos de grande significação para toda a região de Feira de Santana como o Festival de Violeiros do Nordeste, Exposições de Artes Plásticas, Shows Musicais, apresentações de capoeira, maculelê, samba de roda, entre outras tantas manifestações da arte do povo nordestino, valorizando o artista da terra, fazendo-o aparecer para um grande público.
Enfim, a contribuição do multi-cultural feirense Erhi Araujo, foi e será sempre a soma das suas pesquisas sobre a arte popular. Será sempre a soma do conhecimento sobre arte que só tem quem verdadeiramente produz arte e a encaminha para o público.
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Cezar Ubaldo é professor, poeta, autor e direor de teatro
Cezar Ubaldo