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Educar é caminhar sempre

Educação - 17/07/2011

Até os idos anos de 1960, o ingresso na escola pública brasileira se dava através da aprovação do aluno no Exame de Admissão ao Ginásio, um Exame sério e que buscava dar maior qualidade ao aluno no seu acesso a um grau maior de educação, hoje chamado Fundamental. Nesse período da História da Educação Brasileira, o aluno realizava sete provas mensais tendo de alcançar a Média 7 em cada disciplina, o que o levava a estudar de verdade; realização de avaliação de diversas modalidades, como escrita e oral, enfim, uma Educação que formou os que comandaram e comandam os poderes da República Brasileira e que hoje, ou melhor, desde a 5692 de setembro de 1971 implementou a mediocrização do aluno brasileiro determinando média 5 e média 6 para a educação pública e privada, respectivamente, levando o aluno a pontuações entre 20 e 24 pontos, divididos por quatro unidades, permitindo, ainda, a existência dos Conselhos de Classe ao final do ano letivo, não para análise do aluno, efetivamente, mas, apenas, para aprová-lo, até mesmo de forma aleatória, por conta do descaso do poder público para com a Educação, o que se transforma em um arcabouço em que se cria ano a ano um contingente de analfabetos funcionais, ou seja, aqueles individuos que sabem ler algumas palavras ou frases, mas que não conseguem interpretá-las para interagir dentro e fora do processo educativo.

A Educação brasileira, que não avança, a não ser no sentido estatistico, vai conseguindo fazer com que o País "cresça" horizontalmente, apenas contribuindo para o desinteresse de uma grande parcela da população que, levada à Escola, mais por interesses alimentares (com razão) do que pelo alimento conhecimento,têm,agora,a possibilidades da progressão continuada (aplaudida por aqueles que querem que o analfabetismo continue firme e forte) o que significa dizer que em alguns estados brasileiros o aluno não pode e/ou não poderá ser reprovado mesmo que sem nenhum substantivo conhecimento nas séries iniciais, propiciando uma ênfase maior à possibilidade do crescimento da "sociedade dos indivíduos invisíveis", o que permanece como ideologia, mesmo que seja dentro de um regime democrático, também cheio de males, ainda que bem menores do que os da autocracia.

Hoje, os chamados representantes do povo, particularmente os representantes federais, como deputados, criam projetos visando a ampliação do ano letivo para mais de 200 dias (os governantes estudaram com 180 dias letivos e aprenderam muito, tanto é que se perpetuam no poder); aumento do número de disciplinas (quando na verdade o aluno brasileiro precisa, em primeiro plano, aprender Português, Matemática, História, Geografia e Ciências, e bem, até a oitava série do Fundamental)nas grades curriculares, como se o problema da Educação Brasileira fosse apenas questão quantitativa, quando na verdade é, tão somente, uma questão qualitativa na qual se observe e resolva a situação do educador, das escolas e dos seus gestores, levando-se em consideração que o processo educativo deve ser visto pelos legisladores e executores das políticas públicas, como Filosofia Politica, sendo encarada, discutida e posta à prova diuturnamente, e, não, vista como uma coisa sem muita significação e que vai recebendo alguns remendos chamados Planos Decenais, que não chegam a ser concretizados em dez anos.

A Educação, como processo social não pode estar nas mãos do chamado baixo clero do poder e administrada  de forma incompetente, inventando-se moda a todo instante, usando as inovações tecnológicas como tábua de salvação (o que sabemos que não é verdade), utilizando-se da dinâmica social dos tempos atuais para impor uma série de modismos que não levam a sociedade a nenhum lugar, deixando sempre a população mais necessitada de educação, à míngua.

Como bem definiu John Dewey "educação é vida". A definição, como sentença, já nos mostra a importância de se respeitar a Educação, o processo educativo, pois educar é respeitar o ser humano, pois sendo um processo interativo, a educação pode desenvolver na sociedade o movimento revolucionário por excelência, sem corpos mutilados, mas, sempre "caminhando e cantando e seguindo a canção"... A nossa canção, enquanto homens e mulheres envolvidos com o processo educativo é a Educação pela vida, pela dignidade humana, a Educação que se torna a Luz da vida e nos faz espelho e reflexo, nos faz enfrentar as dificuldades, e, enfrentando as adversidades, encontrar soluções e crescendo sempre fazendo de todos, cidadãos brasileiros de verdade, não cidadãos de papel que farão uma história de vida carregada da emoção de ser e se ver como gente, de verdade. Por isso é que educar é caminhar sempre.

 

Cezar Ubaldo

Profesor

Cezar Ubaldo
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