O trabalho de pesquisa de estudantes baianos da região de Ilhéus e
Itabuna tem trazido resultados práticos quando o assunto é oferecer água
de qualidade para a população. É o que revela o professor Franco Amado,
da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc),
responsável pelo Laboratório de Materiais e Meio Ambiente (Lamma), que
conta com pesquisas, como o Projeto Água Limpa Sempre. O projeto tem
conseguido eliminar impurezas das águas baianas, como em casos nos
municípios de Bom Jesus da Lapa, Ilhéus e Itabuna.
Responsável por iniciar as pesquisas entre os anos de 2000 e 2001, o
professor Franco Amado explica que a máquina utilizada na Uesc pode
tratar até dois mil litros por hora. “Se pensarmos que uma família de
quatro pessoas utiliza 500 litros por dia, então uma
máquina consegue tratar por hora o que quatro famílias consomem durante
o dia”. Ele ressalta que atualmente não consegue tratar água de uma
cidade inteira, mas de comunidades com 20 a 30 famílias.
Para maximizar o processo de tratamento da água, auxiliando, inclusive, a
resolver problemas de contaminação em cidades baianas, o pesquisador
afirma que é possível acoplar várias máquinas ou produzir uma maior. “Já
existe sistema similar operando para tratamento
de efluente, que é para tratar a água que sai das indústrias, como a de
celulose. Podemos aumentar a escala da máquina para resolver esse tipo
de problema”.
As pesquisas realizadas pelos estudantes da Uesc já tiveram resultados
práticos no tratamento de água de poço no município de Bom Jesus da Lapa
e na própria cidade de Ilhéus. “Em Bom Jesus da Lapa havia problema com
excesso de flúor. Pegamos essa água e conseguimos
tratar e remover o flúor da água. Outro problema que a gente resolveu
foi na época da seca aqui na região, quando a água do mar estava
invadindo o rio e deixando salobra a água para consumo”, lembra.
O investimento em pesquisas, como a desenvolvida pelos estudantes da
Uesc, pode, segundo o professor Franco Amado, auxiliar a resolver um
problema comum nas águas distribuídas para diversas cidades baianas, que
é o acúmulo de agrotóxico. “Na Bahia, nós conseguimos
desenvolver pesquisa de ponta, com pouco de recurso, sem precisar
importar soluções. O agrotóxico pode ser totalmente cancerígeno, então é
um risco grande para a população. Teríamos que conhecer melhor cada
caso, mas podemos tratar esse problema sim”.
Método água limpa
A máquina utilizada no Projeto Água Limpa Sempre funciona pelo método de
separação por membranas (PSM) através de eletrodiálise. São
alternativas de tratamento para remover contaminantes críticos e
permitir a produção de água potável e para tratar efluentes
(industriais e domésticos) e produzir água com qualidade para reuso.
Entre os PSM, as membranas de filtração com diferentes tamanhos de
poros, permitem remover desde sólidos e sais dissolvidos até metais,
microrganismos e vírus, pela aplicação de um gradiente
de pressão, de forma a produzir uma corrente de permeado (tratada) e
outra de rejeito (concentrada). A eletrodiálise é uma alternativa que
utiliza membranas íon-seletivas ao invés de porosas, que são capazes de
separar os contaminantes quando se aplica corrente
elétrica, resultando em um grande volume de água tratada (diluído), e
um volume menor, concentrado de contaminantes.