O Centro de Assessoria do Assuruá (CAA), dando seguimento ao debate coletivo iniciado anteriormente pela entidade no Território Baixo Sul da Bahia, finalizou na manhã de ontem, terça-feira, o Seminário de Formação Cidadã do Projeto de Assistência Técnica e Extensão Pesqueira e Aquícola (ATEPA). Com o evento, a equipe técnica do Projeto, junto com seus parceiros institucionais, intensificou a troca de conhecimentos com cerca de 300 representantes de famílias beneficiárias desse que é um Projeto desenvolvido pela Instituição na Costa pesqueira do Estado.
O Encontro, que durou dois dias (23 e 24 de abril), teve como principal meta promover um debate sobre o fortalecimento do protagonismo social das famílias de pescadores e aquicultores e de organizações ligadas à pesca no Território. Mais especificamente, foram trabalhados quatro eixos temáticos: “Funcionamentos da sociedade”; “Formas de organização da sociedade civil e redes sociais”; “Formação Econômica, Social, Política e Cultural da Região do Baixo Sul da Bahia” e “Desenvolvimento sustentável e sustentabilidade na pesca artesanal e aquicultura familiar”.
No primeiro dia de atividades, o Seminário produziu uma discussão acerca da organização social dos “trabalhadores do mar” e sobre como as ações pensadas e executadas coletivamente podem interfeir de forma efetiva na realidade dos pescadores(as), marisqueiras e aquicultores(as). Para o Professor Everaldo de Queiroz, principal palestrante do dia, no aspecto da organização social dos pescadores, as colônias, federações e organizações de classe precisam rever alguns conceitos para que os pescadores adentrem num modelo mais efetivo de intervenção social coletiva. “Essas entidades tem que parar de maltratar suas bases (como muitas vezes maltratam em alguns lugares) sem a possibilidade de uma discussão; sem a possibilidade de uma construção coletiva; sem a possibilidade de um entendimento do que sejam as políticas públicas.”, disse o Professor.
Para Eliana Ramos, subgerente de Pesca da Empresa pública Bahia Pesca, esse tipo de discussão promovida no encontro é cabal para se começar a dar mais poder aos próprios pescadores, fazendo-os refletir a agir diretamente sobre sua realidade. Segundo ela, esse tipo de reflexão ajuda a se buscar um fortalecimento de uma verdadeira sustentabilidade da cadeia pesqueira no Território.
Assim, com esse bom nível de debate e com a participação intensa do público, o evento tratou de aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais do Baixo Sul da Bahia de maneira muito inclusiva e aberta. Para o aquicultor do Município de Ituberá, Domingos dos Santos, por exemplo, o evento serviu para trazer muitas idéias novas para todos: “o encontro está trazendo conhecimento para os pescadores que, agora, estão tendo a oportunidade de trocar informações com outras comunidades”, afirmou o aquicultor, que também é presidente de uma Associação de pescadores.
Vale mencionar, ainda, que o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), parceiro do CAA nessa atividade, também marcou presença no Evento. Representado pela bióloga Isda Gusmão (que também fiscaliza a execução do Projeto ATEPA no Baixo Sul), o Ministério acompanhou de perto as discussões promovidas. A fiscal inclusive aprovou a forma de intercâmbio de conhecimentos promovida no Encontro. “A parte prática [da atividade pesqueira] depende de informação. Do acesso a essa informação – que, muitas vezes, a comunidade não tem ou que é manipulado por órgãos, entidades, políticos, dentre outros”, afirmou Gusmão.
Para a organização do Evento o saldo do Encontro foi muito positivo e serviu, de fato, como um início promissor para as outras atividades formativas que virão no Projeto ATEPA... Ao final do Evento, inclusive, os pescadores já começaram a ser encaminhados para as oficinas que comporão a próxima etapa das atividades do Projeto.