O Teatro Castro Alves (TCA) reúne e exibe toda a sua potência numa
produção especial que marca os processos de retomada do uso de seus
palcos, fechados desde março devido às medidas de enfrentamento à
Covid-19. Em “Um Concerto para o Guarda-Roupa”, registrado
em vídeo, seus dois corpos artísticos, o Balé Teatro Castro Alves
(BTCA) e a Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), fazem uma performance
especial na maior sala de espetáculos da Bahia, a Sala Principal do TCA,
para uma plateia formada por figurinos do Guarda-Roupa
do Centro Técnico do TCA, ocupando as 1.554 poltronas de sua plateia. A
ficha técnica do trabalho, desde a sua concepção à execução, é composta
pelos funcionários da Casa. O material foi lançado neste sábado (29)
nos canais do YouTube do TCA e do Governo do
Estado, além das redes sociais do Estado.
A concretização deste vídeo é uma mostra dos grandes tesouros
materiais e imateriais do Complexo do TCA, que abriga as duas companhias
públicas mantidas pelo equipamento, através da Fundação Cultural do
Estado da Bahia (Funceb) e da Secretaria de Cultura
do Governo do Estado da Bahia (SecultBA), e o Centro Técnico, setor de
onde o fomento à cadeia produtiva da cultura e à engenharia do
espetáculo é um exemplo nacional. O aglomerado, tombado pelo Instituto
Nacional de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan), é também constituído por três palcos de excelência: a Concha
Acústica, semiarena ao ar livre com capacidade para 5 mil pessoas; a
Sala do Coro, caixa preta com flexibilidade de formatos para até 200
espectadores; e a simbólica Sala Principal, com
seu palco italiano, onde se escrevem histórias de várias gerações de
artistas e públicos, e que foi escolhida para este ato.
Num dia de pico de atividades, o Complexo do TCA chega a receber
mais de oito mil pessoas, entre artistas do palco e dos bastidores,
plateias e variados profissionais. Em tempos de pandemia, onde o
isolamento social se faz necessário, embora uma vasta
programação esteja se fazendo no espaço virtual, esta grandiosa
arquitetura, patrimônio moderno do Brasil, está vazia de sua alma, que é
a presença do público. Agora, as cortinas voltam a se abrir nesta
apresentação registrada em vídeo.
“Esta produção é nossa força condensada para simbolizar a saudade
que estamos sentindo de ver o Complexo do TCA vivo e repleto de gente,
fazendo acontecer a rotina do maior equipamento cultural da Bahia. Entre
o profundo pesar pelas circunstâncias que
estamos atravessando e a expectativa do retorno à normalidade,
continuamos unidos, trabalhando e crentes na capacidade transformadora
da arte”, afirmou Moacyr Gramacho, diretor do TCA.
Um Concerto para o Guarda-Roupa
Mais que um arquivo de roupas, o Guarda-Roupa do Centro Técnico do
TCA, com seu acervo de cerca de 5 mil peças, guarda a memória na forma
de figurinos das artes cênicas da Bahia. Estão lá as vestimentas de
infinitos personagens que ganharam vida nestes
palcos ao longo de mais de 50 anos.
Para marcar poeticamente o desejo de rever seu público, o TCA
montou parte destas peças na plateia da Sala Principal, compondo corpos
figurativos que relembram toda esta trajetória e a alegria de ver as
poltronas ocupadas: uma ausência que remete à presença.
Além de reverenciar seu público, o TCA faz uma homenagem à toda classe
artística. “Essa presença de figurinos na plateia é grandiosa, uma
memória grandiosa, são roupas e espíritos de atores, figurinistas,
costureiras, aderecistas, camareiras que já passaram
por ali, atores e atrizes que já viveram seus personagens nesse grande
palco”, resume o ator, cenógrafo e professor Agamenon de Abreu, que
colaborou no processo criativo.
Respeitando os protocolos internacionais que orientam a proteção
contra a Covid-19, o Teatro Castro Alves então promove um concerto para
esse “público”. Com a cortina vermelha fechada, vê-se o grande palco
vazio e sua estrutura cenotécnica aparente. Ao
iniciar a música do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos, executada
ao vivo, a cortina se abre, revelando a surpreendente plateia e
emocionando os artistas em cena.