Nós, humanos, somos um dos mistérios da Natureza. Somos principio e fim de muitas coisas. Aprendemos e desaprendemos muito em nossas vidas. Somos anjos e demônios momentaneamente ou para sempre. Somos amor e ódio, belo e o feio em nós mesmos e no outro, somos o próximo mais distante que há. Enfim, somos muitos neste um que cada um é.Mesmo assim, com todas as diferenças, com todos os conflitos, com todo o tipo de visão, seja ela clara ou deturpada, ainda assim, temos alguma coisa de belo e terno em nós, mesmo que vivamos uma espécie de jogo de bonecos de carne, ceiando inocentes em meio a duas cidades, olhando longamente um sol se por, desejando que os mistérios se abram em luz para que todos se vejam como o mistério que cada um de nós, é, trazendo a poesia como mistério da vida, como mistério da doação, da convivência humana que ao longo do tempo vem se perdendo, se dissipando como a mais tênue fumaça. Então...
Que mistério é esse
que me comprime as mãos?!
Ai,mãos dilaceradas.
Que mistério é esse
que me dói na cara?!
Ai,face desesperada.
Que mistério é esse
que me deixa em brasa?!
Ai, demônio erigido
em odes as desgraças.
Que mistério é esse
que me explode os pulmões?!
Ai,missão de vivos-mortos.
Que mistério é esse
que me salta dos olhos?!
Ai,olhar enegrecido.
Que mistério é esse
que me faz tão falecido?!
Ai,jazigo do nativo.
Que mistério é esse
que me faz correr do vento?!
Ai,tempo circunstancial.
Que mistério é esse
tão etéreo a vasculhar-me?!
Diz-me tu.demônio
o mistério que sou...
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Cezar Ubaldo é professor, cronista e autor teatral
Cezar Ubaldo