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Por quê ser é tão difícil?

Contos e Crônicas - 19/10/2011

 

 

A cada dia vivido percebemos que a decadência humana ao longo dos tempos tem nos levado a formular alguns questionamentos a exemplo de: Que importância tem o Estado? Que importância tem a sociedade? Que importância tem as Leis históricas? Com que se identifica a escala dos valores das diferentes sociedades? Questões complexas que mexem com o pensar, com as atitudes humanas e que vem deixando de ter respostas baseadas na lógica por conta do descaso de Estado e de sociedade que não mais se preocupam em chegar à essência dos problemas e vão maquiando os excessos grotescos e permitindo sempre um quadro de torpor de todos os individuos.

É claro que não se pode separar os homens das ações que executam. Dessa forma, os assassinatos de crianças, de adolescentes, de idosos e velhos vem se transformando em ação "comum", os desvios no erário público penalizando a saúde, a educação e a segurança pública, a falta de decoro dos parlamentares em sua maioria assim como do judiciário, a radicalização da responsabilidade fiscal que compromete a responsabilidade social e faz com que os governantes nada de melhor façam para a sociedade, tudo faz parte de um contexto social que vem fazendo com que os homens desacreditem das instituições, do Estado como super-estrutura.

Com base nas situações expostas uma outra pergunta se faz necessária: Onde ficam as punições? Sim, porque é preciso que se tome consciência de que há uma utilidade social na punição dos criminosos em qualquer área do segmento social, pois a punição garante a dignidade dos atingidos, o exercicio da plena cidadania. Então, por que ser é tão dificil? Porque criou-se uma sociedade em que só os interesses materiais têm valor. O capital supera a crença, a fé em qualquer divindade. Deus é visto CIFRA e não aquele que para os que acreditam pode fazer superar todas as adversidades. Deus passou a ser um mero brinquedo, um jogo nas mãos e na boca de tantos quantos só querem ganhar. E, assim, Ele se torna Tirano sobre os que não detêm poder de capital e se apresenta vingativo.

Ao lado de todos os absurdos cometidos por individuos ou por grupos sociais percebemos que o Código de Civilidade é sempre quebrado por quem deveria estar ou ter um sentimento de homem público, sabedor de que não é dono do Estado, responsável por um número  grandioso de seres humanos, que até certo ponto dependem das decisões deles. Mas acontece que esses homens públicos, "amantes dos seus territórios" não têm um olhar humanitário para com o seu povo e vão assumindo o que é público, transformando em áreas privativas e tudo fica como eles estabelecem.

A sociedade decadente, sem crença, sem fé, a sociedade do material, do poder exacerbado em mãos de pessoas despreparadas colaboram para que as camadas pauperizadas da sociedade ingressem, como se fossem uma escola, no mundo dos crimes de tráfico e prostituição e que também elejam cidadãos para "brincar" de matar, estuprar, espancar, roubar espelhados nas escolas superiores, banalizando cada dia mais a violência nossa de cada dia.

Na verdade o que desejamos é uma sociedade equilibrada, o que não é fantasia. Uma sociedade equilibrada tendo a educação como fator que transforme o ser biológico em ser social para que os indivíduos mesmo infectados de contradições no tocante aos valores possam conviver com realidades menos primitivas e que possam também saborear as suas utopias como uma revolução no ser. 

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Cezar Ubaldo é professor, poeta, autor e diretor teatral

Cezar Ubaldo
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