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O que faremos nós?

Contos e Crônicas - 16/07/2011

 

 

Por mais que esteja banalizado o crime em nosso país, não acostumei-me a assistir assassinatos através da televisão, como o da jovem promotora de vendas, morta na última quarta-feira, ao receber um tiro deflagrado por um bandido, em uma rua do centro comercial de Feira de Santana, em cena semelhante às dos filmes de faroeste norte-americano.

Hoje, é risco total o cidadão sair para a rua, ir para o seu labor diário para contribuir de verdade com o crescimento do país. Entretanto, mesmo correndo todos os riscos, não devemos ficar reféns, mais ainda, dos marginais.

Hoje é tudo muito triste, mesmo reconhecendo que os estudos antropológicos digam que o brasileiro é o povo mais feliz do planeta (contradições da sociedade), quando perdemos cidadãos que contribuem intelectualmente ou não, para que o país cresça, não só na forma horizontal. Para os criminosos de todos os níveis perdemos jovens de diversas classes sociais, a exemplo da advogada baiana que residia em São Paulo e por conta da irresponsabilidade de um empresário classe média alta perdeu a vida quando o Porsche, a 150km por hora, atingiu o carro da advogada que morreu no local, enquanto o empresário, após pagar fiança de 300 mil reais (está na Lei) responderá em liberdade e em liberdade ficará por conta do poder econômico que dispõe.

Na verdade, o Brasil de hoje convive com a ousadia e a belicosidade de traficantes, ladrões, criminosos afins e que sem medo ou receio do Estado Constituido, continuam agindo diariamente, matando cidadãos civis ou militares, mães, pais, jovens, enfim, gente que arregaça as mangas e trabalha duro mostrando o seu valor como ser humano, enquanto surjam as ações efetivas de segurança pública, carregadas de vontade politica, que estabeleçam a ordem constitucional de segurança para o povo brasileiro..

É preciso que o povo tome conhecimento de que somos nós que pagamos aos governantes e que eles têm a obrigação de deixar a retórica de lado e usar o poder do Estado para impor a legalidade e a ordem social, mas, não apenas em um tempo definido, mas durante toda a vida social, afinal, ninguém, numa república democrática pode estar acima dos interesses da grande sociedade, assim como não pode o cidadão brasileiro tornar-se refém da insanidade marginal e da inoperância dos poderes públicos.

É mister que o brasileiro, todo o povo brasileiro dê o seu grito de "basta" a tudo o que vem acontecendo nos mega centros urbanos e que também vem atingindo há um bom tempo, as áreas bem menos cosmopolitas, como Feira de Santana, que assusta pela quantidade de assassinatos e outros tantos crimes que são cometidos e que vêm assustando os corações sertanejos da "Cidade Princesa do Sertão.

Alertar,através de manifestações públicas e ordeiras, com fortes gritos de que "estamos aqui", aos homens públicos, é dever de todo cidadão que deve considerar que com seu trabalho intelectual ou fisico colabora para que o Brasil deixe de alimentar o caos histórico. Que o Brasil avance na história, na sua história e no mundo, tomando consciência de que não pagamos aos governantes para que irônica e cruelmente nos escravizem em nossas próprias casas e, sim, que sejam eles os administradores das politicas públicas que se traduzam em ações efetivas de educação de qualidade, em emprego, saúde, habitação, segurança, etc, como fontes de energia e de elevação da auto-estima... porque senão, o que faremos nós?

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Cezar Ubaldo é professor, autor e diretor teatral e cronista

Cezar Ubaldo
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