Por Dimas Oliveira
\\\"Manhã Cinzenta\\\" foi apresentado em vários festivais internacionais, como Pesaro (Itália), Cracóvia (Polônia), Mannheimm (Alemanha) - onde foi premiado com o Filmdukaten, em 1970, e causou curiosidade nos alemães com sua presença, pois ele foi para o festival de sandálias de tiras de couro cru, naturalmente compradas na feira livre de sua terra -, Londres (Inglaterra), Havana (Cuba), e Viña Del Mar (Chile).
\\\"Manhã Cinzenta\\\" (rèalisé par Olney A Sau Paulo) também participou de mostra paralela no Festival de Cannes (França), em 1970. Em 1976, participação no V Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz (Portugal).
Olney foi elogiado por Orson Welles (realizador do maior filme de todos os tempos, \\\"Cidadão Kane\\\"), para quem \\\"Manhã Cinzenta\\\" era um filme extraordinário.
Glauber Rocha chamou Olney de \\\"mártir do cinema brasileiro\\\". Disse mais que ele \\\"é a metáfora de uma alegoria. Alegorias estas que muitas vezes foram barradas mas que nunca deixaram de ser registradas\\\".
Sobre \\\"Manhã Cinzenta\\\", o crítico e cineasta Rubem Biáfora comentou no jornal \\\"O Estado de São Paulo\\\": \\\"Uma fita mais abertamente polêmica, que a Censura cometeu o erro e a inutilidade de proibir\\\".
A empresa Dezenove Som e Imagem, em São Paulo, dedicada a \\\"filmes de autor\\\", tem em seu acervo uma cópia de \\\"Manhã Cinzenta\\\".
No catálogo oficial do I Mille Occhi, oitava edição do Festival Internacional de Cinema e de Arte, realizado em Triestre, na Ítália, entre 18 e 26 de setembro de 2009, consta artigo de Dimas Oliveira, especialmente escrito (e traduzido do inglês para o italiano), sobre \\\"Grito da Terra\\\", de Olney São Paulo, que foi exibido no festival. A atriz Helena Ignez - que atuou na realização feirense - foi destacada com o \\\"Premio Anno Uno\\\" e teve mostra de seus filmes no evento. O catálogo dedica 26 páginas (29 a 54) a Helena Ignez, sendo as duas últimas destinadas ao filme de Olney São Paulo.
No dia 3 de dezembro de 2011, Olney foi homenageado dentro da mostra de curtas do Tocayo, evento multimídia que ocupou o Galpão da Ação da Cidadania, no Centro do Rio de Janeiro. Ao todo foram exibidos quatro títulos do cineasta: \\\"Manhã Cinzenta\\\" (1968), obra que culminou em sua prisão; \\\"Grito da Terra\\\" (1964); \\\"Sob o Ditame do Rude Almajesto: Sinais de Chuva\\\" (1976); e \\\"Pinto Vem Aí\\\" (1976). A 12ª edição do Tocayo reuniu cerca de 50 artistas, com 12 horas de atividades culturais.
Em 2011, Henrique Dantas lançou o documentário \\\"Sertão Cinzento\\\", sobre Olney e seu filme mais polêmico, \\\"Manhã Cinzenta\\\".
Em 2012, a vez de Henrique Dantas lançar \\\"A Peleja de Olney Contra o Dragão da Maldade\\\".
* Dimas Oliveira é jornalista especializado em cinema e editor do Blog Demais
Olney São Paulo: Preso e torturado pelo
\\\"crime\\\" de fazer \\\"Manhã Cinzenta\\\"
Por Adilson Simas
O filme mais importante de Olney São Paulo é \\\"Manhã Cinzenta\\\", média-metragem que o cineasta realizou em 1969. Mas, quem conhece esse filme? Em Feira de Santana, pouca gente. O jornalista Dimas Oliveira assistiu ao filme porque conseguiu um projetor de 16mm para que Olney mostrasse a cópia que tinha em mãos, projetada em sessão secreta numa parede de casa de familiares. \\\"A exibição clandestina não o satisfazia\\\", conta Dimas, completando que Olney morreu tentando uma revisão da Censura.
Com \\\"Manhã Cinzenta\\\", Olney São Paulo garantiu um lugar na História. Ele é o único cineasta brasileiro a ser preso, torturado e processado pelo \\\"crime\\\" de ter feito esse filme. Ele registrou nas ruas um momento histórico: a crise estudantil de maio de 1968 e a atuação da repressão. Uma cópia do filme foi parar nas mãos de um dos seqüestradores do Caravelle desviado para Cuba, em 1969, e Olney foi preso porque a fita teria sido exibida aos passageiros como prova dos desmandos da ditadura.
Após o parecer em que o filme foi considerado como \\\"altamente subversivo\\\", por \\\"incitar o povo contra o regime vigente\\\", Olney viu-se enquadrado na Lei de Segurança Nacional e processado. Corria o ano de 1971. O filme foi censurado e o autor ficou com o rótulo de maldito, ganhando aposentadoria compulsória no Banco do Brasil, onde tinha um emprego conseguido por concurso - ele começou a trabalhar na agência de Feira de Santana e depois foi transferido para o Rio de Janeiro.
A partir do AI-5, outorgado em 13 de dezembro de 1968, a Censura não tinha preocupação em justificar os atos de proibição e cortes dos filmes. Com a prisão, Olney sofreu danos em sua saúde - ele morreu aos 41 anos e a família sustenta que sua saúde frágil foi abalada por maus-tratos na prisão. Também é registrado o completo desaparecimento dos negativos de \\\"Manhã Cinzenta\\\", nas dependências da Censura. Depois de vetado, o filme nunca mais foi encontrado. Praticamente sumiu da memória cinematográfica nacional, um prejuízo artístico e econômico. Sua última exibição conhecida foi na mostra \\\"Cinema Calado - Filmes Censurados\\\", realizada em 3 de março de 2001, na Cinematec a Brasileira, em São Paulo.
* Adilson Simas é jornalista mantém o Blog Por Simas
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