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Guta Stresser e Tárik Puggina em Sade em Sodoma

Teatro - 23/01/2012
Guta Stresser e Tárik Puggina em Sade em Sodoma Em cena, os atores Guta Stresser e Tárik Puggina - Foto: Divulgação

 

 

Texto de Flávio Braga, com direção de Ivan Sugahara 

O espetáculo já esteve em Brasília, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Angra dos Reis. E foi contemplado com patrocínio da Caixa Econômica Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Petrobrás.

 O espetáculo "Sade em Sodoma" foi adaptado para o teatro pelo diretor e dramaturgo Ivan Sugahara a partir da novela inédita do autor Flávio Braga. A obra, baseada na literatura do Marquês de Sade “Os 120 dias de Sodoma” (“Les 120 journées de Sodome”, escrita no século XVIII), é uma ficção que surgiu do universo do escritor francês descendente da aristocracia e inclui ingredientes como a perversão sexual, crueldade extrema e prazer com o sofrimento alheio, sob um ponto de vista atual do autor.

 Em cena, o soldado Mathieu (Tárik Puggina)  é contratado como guarda-costas de um nobre. Ele narra ao marquês os acontecimentos dos últimos quatro meses. A descrição dos desregramentos ali ocorridos envolve antigas cafetinas, que auxiliaram na criação dos climas de cada um dos 120 dias. O zeloso criado sugere que ele ouça também uma das cafetinas, Madame Duclos (Guta Stresser).

 O texto é direcionado ao Marquês de Sade, para quem as duas personagens Mathieu e Madame Duclos narrem a história. “A montagem é extremamente elegante, requintada e com tudo que o texto imprime: selvageria, prazer através do sexo, crime, violência e escatologia que representa através da comida. A construção dramática da orgia vem pela comida", antecipa o diretor. Íntimo da obra de Sade, Ivan Sugahara teve sua iniciação em 1998, na montagem de "Uma Noite de Sade", na Casa da Gávea, no Rio de Janeiro, "Nessa montagem eu mostrava tudo. Agora em ‘Sade em Sodoma’ eu escondo. Não preciso, na cena, sublinhar tudo que o texto diz", completa.

 Autor do texto original de "Sade em Sodoma" (de 2008), Flávio Braga afirma que o marquês de Sade é tão atual quanto os massacres que, regularmente, são praticados em pontos obscuros do planeta, e completa: "A matéria prima de Sade são as vísceras da tragédia humana, quando o campo de batalha é o corpo. Seja o corpo étnico, seja o corpo amado, seja o corpo do inimigo. Os conflitos de todas as nacionalidades terminam na questão central, que é o corpo. Sade antecipou, em seu "120 dias de Sodoma", tanto Treblinka quanto Kosovo, tanto Stálin quanto Bush e Putin. Os personagens de Sade defendem a natureza do mal. Sem desculpas étnicas como os nazistas, sem a defesa de dogmas, como a Santa Inquisição e sem a desculpa ideológica, como os genocidas da atualidade. Simone de Beauvoir perguntou: devemos queimar Sade?".

 O ator Tárik Puggina foi quem teve a ideia de levar a novela para os palcos: "Assim que comecei a ler a novela do Flávio Braga, percebi que eu tinha em minhas mãos uma obra de rara qualidade. E que, muito embora não tenha sido escrita para os palcos, projetava imagens lindas em minha mente, como se teatro fosse. Imagens fortes, de grande beleza, que na sua crueza, como é a vida, ecoavam e pediam para serem libertas."

 A atriz Guta Stresser surgiu naturalmente no projeto. Quando Tárik viu, lá estava ela saindo da televisão e mergulhando nessa empreitada. "O que mais me interessou foi a personagem Madame Duclos, dona de um bordel, muito diferente das que eu costumo fazer na TV. O desafio é tornar uma história agressiva e perturbadora, chegando ao público com humor e menos violência. Transformar uma orgia grotesca em um jantar elegante", diz a atriz.

O passo seguinte foi convidar o diretor Gerald Thomas que aceitou ministrar um workshop para os atores. Malas prontas, Guta e Tárik partiram para Londres onde ficaram mergulhados na "oficina sodômica". Por fim, já no Brasil, foi a vez do diretor Ivan Sugahara assumir a encenação e a dramaturgia.

 

 

FICHA TÉCNICA

Texto: Flávio Braga/ Direção Geral e dramaturgia: Ivan Sugahara/ Assistente de Direção: Gabriel Salabert/ Workshop: Gerald Thomas/ Elenco: Guta Stresser e Tárik Puggina/ Elenco de Apoio: Edson Cardoso e Mayara Travassos/ Coreografia e Preparação Corporal: Olívia Teixeira/ Preparação Vocal: Rose Gonçalves/ Cenário: Nello Marrese/ Iluminação: Paulo César Medeiros/ Figurino: Patrícia Muniz / Visagismo: Dani Kobert/ Direção Musical: Nervoso/ Fotografia: Dalton Valério/ Programação Visual: Sérgio de Carvalho/ Direção de Produção: Déa Martins - Kauidea Produções Artísticas/ Produção Executiva: Aline Carrocino/ Assessoria de Imprensa: Alexandre Silpert/ Realização: Tárik Puggina - Nevaxca Produções

Classificação: 18 anos

Duração: 60 minutos                                                              

SERVIÇO:

O que?                  SADE EM SODOMA

Onde?                   TEATRO MUNICIPAL MARGARIDA RIBEIRO

Quanto?               R$ 20,00 (INTEIRA) / R$ 10,00 (MEIA)

Classificação:     CENSURA 18 ANOS RIGIDAMENTE

Maiores informações:       (75) 9967-9442

 Saiba Mais:          

 Marquês de Sade

Escritor francês nascido em Paris, foi descendente da aristocracia, terminou seus estudos no Lycée Louis-le-Grand em Paris (1754) e ingressou no Exército, para voltar da guerra dos sete anos como capitão de cavalaria. Perverso por natureza, seu primeiro caso de sadismo ocorreu em Aix-en-Provence, quando torturou prazerosamente uma moça. Condenado à morte, mas indultado, estes casos repetiram-se em várias outras cidades como em Arcueil e Marselha. Várias vezes preso, sempre conseguia evadir-se, até ser preso definitivamente em Vincennes (1777), de onde foi transferido para a prisão da Bastilha (1784). Esteve internado no hospício de Charenton (1789-1790, 1801-1814), onde finalmente encontrou a morte. Foi neste hospício e tendo os próprios loucos como atores que ele conseguiu montar suas peças, entre elas “Les 120 journées de Sodome”, “Justine ou les malheurs de la vertu”, “La Philosophie dans le boudoir”, seu romance mais famoso, Pauline et Belval e Juliette ou les Prospérités du vice. Sua obra foi marcada pelo toque sentimental que, retratando os costumes vigentes na França da sua época, deformadas pelas descrições patológicas das perversões sexuais, gera até hoje, no mínimo, curiosidade.

 

GUTA STRESSER // atriz

+ televisão

A grande família

Personagem: Bebel

Dir: Maurício Farias

Ano: 2001 a 2008

Fantástico - conto ou não conto?

Ano: 2008

Fantástico - quem é mais inteligente?

Ano: 2007

+ teatro

Primeira chuva no deserto

Dir: Camila Amado

Ano: 2008

Rita formiga

Dir: Domingos de Oliveira

Ano: 2006

Mais uma vez amor

Dir: Ernesto Piccolo

Ano: 2003/2004

Mais perto - closer

Dir: Hector Babenco

Ano: 2000

As fúrias

Dir: Antônio Abujamra

Ano: 1999

O casamento

Dir: Antônio Abujamra e João Fonseca

Ano: 1997

 

+ cinema

Vingança

Dir: Paulo Pons

Ano: 2008

A grande família - o filme

Dir: Maurício Farias

Ano: 2007

Nina

Dir: Heitor Dhalia

Ano: 2003

Redentor

Dir: Cláudio Torres

Ano: 2002,

A partilha

Dir: Daniel Filho

Ano: 2001

Bellini e a esfinge

Dir: Roberto Santucci

Ano: 2001

Sexo virtual

Dir: Jorge Monclar

Ano: 2008

Balada das duas mocinhas de botafogo

Dir: João Caetano e Fernando Valle

Ano: 2006

Do tempo em que eu comia pipoca

Dir: Heloisa Passos

Ano: 2002

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TÁRIK PUGGINA // ator

+ televisão

Belíssima

Dir: Denise Saraceni

Ano: 2006

+ teatro

O empresário

Dir: Wendell Kettle

Ano: 2006

Paixão de cristo

Dir: Marco de Aquino

Ano: 2004 e 2005

O velho da horta

Dir: Miguel Vellinho

Ano: 2003

Charo y paco:

aventura no tempo das caravelas

Dir: Carlos Henrique Casanova

Ano: 2002

Sonho de uma noite de verão

Dir: Ricardo Motta

Ano: 2002

É por isso que todo adulto é

neurótico

Dir: Clóvis Levi

Ano: 2001

Delegacia de polícia

Dir: Wagner Baptista

Ano: 2000

 

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Ivan Sugahara

 

Diretor da companhia teatral Os dezequilibrados, dirigiu e concebeu a trilha sonora de treze espetáculos do grupo: Memória Afetiva de um Amor Esquecido, de Rosyane Trotta (indicado aos prêmios Shell 2008 de Melhor Direção e Atriz e Qualidade Brasil 2008 de Melhor Espetáculo, Diretor e Atriz); Últimos Remorsos Antes do Esquecimento, de Jean-Luc Lagarce (2007); Quero Ser Romeu e Julieta, adaptação da peça de Shakespeare (2006); Lady Lázaro, de Daniela Pereira de Carvalho (2005); Dilacerado, de Daniela Pereira de Carvalho (indicado aos prêmios Shell 2004 de Melhor Atriz e Iluminação e Qualidade Brasil 2004 de Melhor Diretor e Atriz); Assassinato em Série, de Daniela Pereira de Carvalho (2003) - trilogia formada pelas peças Combinado, Cena do Crime e Outro Combinado; Vida, o Filme, de Daniela Pereira de Carvalho e Ivan Sugahara (indicado ao Prêmio Shell 2002 de Melhor Direção); 1, adaptação de O Grande Inquisidor de Fiodor Dostoievski (2001); Bonitinha, mas Ordinária, de Nelson Rodrigues (2001); Um quarto de Crime e Castigo, adaptação de Crime e Castigo de Fiodor Dostoievski (1999); e Uma Noite de Sade, da cia. Os dezequilibrados (1998).

Ivan também dirigiu os seguintes espetáculos: As Bruxas de Salem, de Arthur Miller - montagem de formatura da CAL (2009); Às vezes é preciso usar um punhal para atravessar o caminho, de Roberto Alvim (2009); Play, de Rodrigo Nogueira (indicado ao Prêmio Shell 2009 de Melhor Texto); Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz, adaptação de Cyrano de Bergerac de Edmond Rostand (2009); Pelo amor de Deus, não fala assim comigo!, de Maria Carmem Barbosa (2008); Sem Ana, de Caio Fernando Abreu (2008); Notícias Cariocas (direção conjunta com Enrique Diaz), de Filipe Miguez, com a Cia. dos Atores (vencedor do Prêmio Qualidade Brasil 2004 de Melhor Espetáculo, Direção e Atriz; e indicado ao Prêmio Shell 2004 de Melhor Direção e Texto); e Avalanche, de David Rabe (2003).

Trabalhou como assistente de direção nas montagens de: Tosca, ópera de Giacomo Puccini, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, direção musical de Sílvio Barbatto e direção de Ron Daniels (2003); Ventriloquist, de Gerald Thomas (2000); Tragédia Rave, de Gerad Thomas (2000); e 2001: Happy New Lear, adaptação de Rei Lear de William Shakespeare, direção de Celina Sodré (1999).

Formado pela Casa das Artes de Laranjeiras - CAL, em 1997, e pela Faculdade de Teoria do Teatro da Universidade do Rio de Janeiro - UNIRIO, em 2005, dirigiu ainda as cerimônias de entrega do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, no Cine Odeon-BR, nas edições de 2003 e 2004. Durante o ano de 2004, foi diretor artístico do Teatro Café Pequeno, então ocupado pela cia. Os dezequilibrados com o projeto Cena Pop Carioca.

 

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FLÁVIO BRAGA //autor

+ teatro

As vacas magras

Teatro Opinião. 1971. Poa. RS

Supermercado

Teatro da Universidade. 1972. Poa. RS

O clube das enfermeiras

Arena. 1974. Poa. RS

Adalgisa go home

Arena. 1975. Poa. RS

Racha

Teatro Cândido Mendes. 1993.

Rio de Janeiro. RJ.

 

+ livros

O mago de são sebastião

Romance

Editora Irradiação Cultural. 1996

O calor da lua

Novelas

Editora Booklink. 2004

O livro de ouro do sexo,

Com Regina Navarro Lins

Ensaio

Ediouro. 2005

O que contei a zveiter sobre sexo

Romance

Editora Record. 2006

Sexo no casamento,

Com Regina Navarro Lins

Contos

Editora Best Seller. 2006

Separação,

Com Regina Navarro Lins

Contos

Editora Best Seller. 2006

Almanaque de hq,

Com Carlos Eugênio Baptista

Ensaio

Ediouro. 2006

Fidelidade obrigatória e outras

deslealdades,

Com Regina Navarro Lins

Contos

Editora Best Seller. 2007

Sade em sodoma

Best Seller. 2008

Eu, casanova, confesso...

Best Seller. 2008

Amor a três

Best Seller. 2008

68 (Meia oito) romance

Editora Record, 2008

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