Texto de Flávio Braga, com direção de Ivan Sugahara
O espetáculo já esteve em Brasília, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Angra dos Reis. E foi contemplado com patrocínio da Caixa Econômica Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Petrobrás.
O espetáculo "Sade em Sodoma" foi adaptado para o teatro pelo diretor e dramaturgo Ivan Sugahara a partir da novela inédita do autor Flávio Braga. A obra, baseada na literatura do Marquês de Sade “Os 120 dias de Sodoma” (“Les 120 journées de Sodome”, escrita no século XVIII), é uma ficção que surgiu do universo do escritor francês descendente da aristocracia e inclui ingredientes como a perversão sexual, crueldade extrema e prazer com o sofrimento alheio, sob um ponto de vista atual do autor.
Em cena, o soldado Mathieu (Tárik Puggina) é contratado como guarda-costas de um nobre. Ele narra ao marquês os acontecimentos dos últimos quatro meses. A descrição dos desregramentos ali ocorridos envolve antigas cafetinas, que auxiliaram na criação dos climas de cada um dos 120 dias. O zeloso criado sugere que ele ouça também uma das cafetinas, Madame Duclos (Guta Stresser).
O texto é direcionado ao Marquês de Sade, para quem as duas personagens Mathieu e Madame Duclos narrem a história. “A montagem é extremamente elegante, requintada e com tudo que o texto imprime: selvageria, prazer através do sexo, crime, violência e escatologia que representa através da comida. A construção dramática da orgia vem pela comida", antecipa o diretor. Íntimo da obra de Sade, Ivan Sugahara teve sua iniciação em 1998, na montagem de "Uma Noite de Sade", na Casa da Gávea, no Rio de Janeiro, "Nessa montagem eu mostrava tudo. Agora em ‘Sade em Sodoma’ eu escondo. Não preciso, na cena, sublinhar tudo que o texto diz", completa.
Autor do texto original de "Sade em Sodoma" (de 2008), Flávio Braga afirma que o marquês de Sade é tão atual quanto os massacres que, regularmente, são praticados em pontos obscuros do planeta, e completa: "A matéria prima de Sade são as vísceras da tragédia humana, quando o campo de batalha é o corpo. Seja o corpo étnico, seja o corpo amado, seja o corpo do inimigo. Os conflitos de todas as nacionalidades terminam na questão central, que é o corpo. Sade antecipou, em seu "120 dias de Sodoma", tanto Treblinka quanto Kosovo, tanto Stálin quanto Bush e Putin. Os personagens de Sade defendem a natureza do mal. Sem desculpas étnicas como os nazistas, sem a defesa de dogmas, como a Santa Inquisição e sem a desculpa ideológica, como os genocidas da atualidade. Simone de Beauvoir perguntou: devemos queimar Sade?".
O ator Tárik Puggina foi quem teve a ideia de levar a novela para os palcos: "Assim que comecei a ler a novela do Flávio Braga, percebi que eu tinha em minhas mãos uma obra de rara qualidade. E que, muito embora não tenha sido escrita para os palcos, projetava imagens lindas em minha mente, como se teatro fosse. Imagens fortes, de grande beleza, que na sua crueza, como é a vida, ecoavam e pediam para serem libertas."
A atriz Guta Stresser surgiu naturalmente no projeto. Quando Tárik viu, lá estava ela saindo da televisão e mergulhando nessa empreitada. "O que mais me interessou foi a personagem Madame Duclos, dona de um bordel, muito diferente das que eu costumo fazer na TV. O desafio é tornar uma história agressiva e perturbadora, chegando ao público com humor e menos violência. Transformar uma orgia grotesca em um jantar elegante", diz a atriz.
O passo seguinte foi convidar o diretor Gerald Thomas que aceitou ministrar um workshop para os atores. Malas prontas, Guta e Tárik partiram para Londres onde ficaram mergulhados na "oficina sodômica". Por fim, já no Brasil, foi a vez do diretor Ivan Sugahara assumir a encenação e a dramaturgia.
FICHA TÉCNICA
Texto: Flávio Braga/ Direção Geral e dramaturgia: Ivan Sugahara/ Assistente de Direção: Gabriel Salabert/ Workshop: Gerald Thomas/ Elenco: Guta Stresser e Tárik Puggina/ Elenco de Apoio: Edson Cardoso e Mayara Travassos/ Coreografia e Preparação Corporal: Olívia Teixeira/ Preparação Vocal: Rose Gonçalves/ Cenário: Nello Marrese/ Iluminação: Paulo César Medeiros/ Figurino: Patrícia Muniz / Visagismo: Dani Kobert/ Direção Musical: Nervoso/ Fotografia: Dalton Valério/ Programação Visual: Sérgio de Carvalho/ Direção de Produção: Déa Martins - Kauidea Produções Artísticas/ Produção Executiva: Aline Carrocino/ Assessoria de Imprensa: Alexandre Silpert/ Realização: Tárik Puggina - Nevaxca Produções
Classificação: 18 anos
Duração: 60 minutos
SERVIÇO:
O que? SADE EM SODOMA
Onde? TEATRO MUNICIPAL MARGARIDA RIBEIRO
Quanto? R$ 20,00 (INTEIRA) / R$ 10,00 (MEIA)
Classificação: CENSURA 18 ANOS RIGIDAMENTE
Maiores informações: (75) 9967-9442
Saiba Mais:
Marquês de Sade
Escritor francês nascido em Paris, foi descendente da aristocracia, terminou seus estudos no Lycée Louis-le-Grand em Paris (1754) e ingressou no Exército, para voltar da guerra dos sete anos como capitão de cavalaria. Perverso por natureza, seu primeiro caso de sadismo ocorreu em Aix-en-Provence, quando torturou prazerosamente uma moça. Condenado à morte, mas indultado, estes casos repetiram-se em várias outras cidades como em Arcueil e Marselha. Várias vezes preso, sempre conseguia evadir-se, até ser preso definitivamente em Vincennes (1777), de onde foi transferido para a prisão da Bastilha (1784). Esteve internado no hospício de Charenton (1789-1790, 1801-1814), onde finalmente encontrou a morte. Foi neste hospício e tendo os próprios loucos como atores que ele conseguiu montar suas peças, entre elas “Les 120 journées de Sodome”, “Justine ou les malheurs de la vertu”, “La Philosophie dans le boudoir”, seu romance mais famoso, Pauline et Belval e Juliette ou les Prospérités du vice. Sua obra foi marcada pelo toque sentimental que, retratando os costumes vigentes na França da sua época, deformadas pelas descrições patológicas das perversões sexuais, gera até hoje, no mínimo, curiosidade.
GUTA STRESSER // atriz
+ televisão
A grande família
Personagem: Bebel
Dir: Maurício Farias
Ano: 2001 a 2008
Fantástico - conto ou não conto?
Ano: 2008
Fantástico - quem é mais inteligente?
Ano: 2007
+ teatro
Primeira chuva no deserto
Dir: Camila Amado
Ano: 2008
Rita formiga
Dir: Domingos de Oliveira
Ano: 2006
Mais uma vez amor
Dir: Ernesto Piccolo
Ano: 2003/2004
Mais perto - closer
Dir: Hector Babenco
Ano: 2000
As fúrias
Dir: Antônio Abujamra
Ano: 1999
O casamento
Dir: Antônio Abujamra e João Fonseca
Ano: 1997
+ cinema
Vingança
Dir: Paulo Pons
Ano: 2008
A grande família - o filme
Dir: Maurício Farias
Ano: 2007
Nina
Dir: Heitor Dhalia
Ano: 2003
Redentor
Dir: Cláudio Torres
Ano: 2002,
A partilha
Dir: Daniel Filho
Ano: 2001
Bellini e a esfinge
Dir: Roberto Santucci
Ano: 2001
Sexo virtual
Dir: Jorge Monclar
Ano: 2008
Balada das duas mocinhas de botafogo
Dir: João Caetano e Fernando Valle
Ano: 2006
Do tempo em que eu comia pipoca
Dir: Heloisa Passos
Ano: 2002
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TÁRIK PUGGINA // ator
+ televisão
Belíssima
Dir: Denise Saraceni
Ano: 2006
+ teatro
O empresário
Dir: Wendell Kettle
Ano: 2006
Paixão de cristo
Dir: Marco de Aquino
Ano: 2004 e 2005
O velho da horta
Dir: Miguel Vellinho
Ano: 2003
Charo y paco:
aventura no tempo das caravelas
Dir: Carlos Henrique Casanova
Ano: 2002
Sonho de uma noite de verão
Dir: Ricardo Motta
Ano: 2002
É por isso que todo adulto é
neurótico
Dir: Clóvis Levi
Ano: 2001
Delegacia de polícia
Dir: Wagner Baptista
Ano: 2000
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Ivan Sugahara
Diretor da companhia teatral Os dezequilibrados, dirigiu e concebeu a trilha sonora de treze espetáculos do grupo: Memória Afetiva de um Amor Esquecido, de Rosyane Trotta (indicado aos prêmios Shell 2008 de Melhor Direção e Atriz e Qualidade Brasil 2008 de Melhor Espetáculo, Diretor e Atriz); Últimos Remorsos Antes do Esquecimento, de Jean-Luc Lagarce (2007); Quero Ser Romeu e Julieta, adaptação da peça de Shakespeare (2006); Lady Lázaro, de Daniela Pereira de Carvalho (2005); Dilacerado, de Daniela Pereira de Carvalho (indicado aos prêmios Shell 2004 de Melhor Atriz e Iluminação e Qualidade Brasil 2004 de Melhor Diretor e Atriz); Assassinato em Série, de Daniela Pereira de Carvalho (2003) - trilogia formada pelas peças Combinado, Cena do Crime e Outro Combinado; Vida, o Filme, de Daniela Pereira de Carvalho e Ivan Sugahara (indicado ao Prêmio Shell 2002 de Melhor Direção); 1, adaptação de O Grande Inquisidor de Fiodor Dostoievski (2001); Bonitinha, mas Ordinária, de Nelson Rodrigues (2001); Um quarto de Crime e Castigo, adaptação de Crime e Castigo de Fiodor Dostoievski (1999); e Uma Noite de Sade, da cia. Os dezequilibrados (1998).
Ivan também dirigiu os seguintes espetáculos: As Bruxas de Salem, de Arthur Miller - montagem de formatura da CAL (2009); Às vezes é preciso usar um punhal para atravessar o caminho, de Roberto Alvim (2009); Play, de Rodrigo Nogueira (indicado ao Prêmio Shell 2009 de Melhor Texto); Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz, adaptação de Cyrano de Bergerac de Edmond Rostand (2009); Pelo amor de Deus, não fala assim comigo!, de Maria Carmem Barbosa (2008); Sem Ana, de Caio Fernando Abreu (2008); Notícias Cariocas (direção conjunta com Enrique Diaz), de Filipe Miguez, com a Cia. dos Atores (vencedor do Prêmio Qualidade Brasil 2004 de Melhor Espetáculo, Direção e Atriz; e indicado ao Prêmio Shell 2004 de Melhor Direção e Texto); e Avalanche, de David Rabe (2003).
Trabalhou como assistente de direção nas montagens de: Tosca, ópera de Giacomo Puccini, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, direção musical de Sílvio Barbatto e direção de Ron Daniels (2003); Ventriloquist, de Gerald Thomas (2000); Tragédia Rave, de Gerad Thomas (2000); e 2001: Happy New Lear, adaptação de Rei Lear de William Shakespeare, direção de Celina Sodré (1999).
Formado pela Casa das Artes de Laranjeiras - CAL, em 1997, e pela Faculdade de Teoria do Teatro da Universidade do Rio de Janeiro - UNIRIO, em 2005, dirigiu ainda as cerimônias de entrega do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, no Cine Odeon-BR, nas edições de 2003 e 2004. Durante o ano de 2004, foi diretor artístico do Teatro Café Pequeno, então ocupado pela cia. Os dezequilibrados com o projeto Cena Pop Carioca.
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FLÁVIO BRAGA //autor
+ teatro
As vacas magras
Teatro Opinião. 1971. Poa. RS
Supermercado
Teatro da Universidade. 1972. Poa. RS
O clube das enfermeiras
Arena. 1974. Poa. RS
Adalgisa go home
Arena. 1975. Poa. RS
Racha
Teatro Cândido Mendes. 1993.
Rio de Janeiro. RJ.
+ livros
O mago de são sebastião
Romance
Editora Irradiação Cultural. 1996
O calor da lua
Novelas
Editora Booklink. 2004
O livro de ouro do sexo,
Com Regina Navarro Lins
Ensaio
Ediouro. 2005
O que contei a zveiter sobre sexo
Romance
Editora Record. 2006
Sexo no casamento,
Com Regina Navarro Lins
Contos
Editora Best Seller. 2006
Separação,
Com Regina Navarro Lins
Contos
Editora Best Seller. 2006
Almanaque de hq,
Com Carlos Eugênio Baptista
Ensaio
Ediouro. 2006
Fidelidade obrigatória e outras
deslealdades,
Com Regina Navarro Lins
Contos
Editora Best Seller. 2007
Sade em sodoma
Best Seller. 2008
Eu, casanova, confesso...
Best Seller. 2008
Amor a três
Best Seller. 2008
68 (Meia oito) romance
Editora Record, 2008
Márcio Sherrer