a minha amada
tem um medo
que rima com amor.
a metade me acompanha
como uma sombra
e me assusta
a sua ausência.
então eu sofro na penumbra
compassivo e assustado.
a minha amada se contorce,
suas mãos projetadas
na parede do quarto.
o meu corpo jaz intocável,
carente da densidade.
o medo tresanda na casa,
alcança as ruas
e a cidade demagógica
anuncia a vida na tela.
a noite avança,
eu sonho sozinho.
um sonho que não é sofrido
mas falta o sonho dela.
hélio porto