Todos os anos o sol nasce diferente na Bahia no dia dois de julho. Nossa
data magna nos lembra o quanto somos guerreiros. Em 2022 temos mais uma vez
esta certeza, depois de dois anos de resistência e batalhas contra a pandemia.
E para celebrar em toda glória este ano as filarmônicas da Bahia voltam a fazer
seu encontro em Salvador sob o céu do dois de julho, com o 31º Encontro de
Filarmônicas no 2 de julho, que será realizado no dia 2 de julho, no Campo
Grande, a partir das 18 horas, com entrada franca.
O 31º Encontro de Filarmônicas no 2 de julho será aberto pela Banda
da 6ª Região Militar, que tocará o “Hino ao 2 de julho” e em seguida o dobrado
"100 anos do Batalhão Pirajá", composto por Fred Dantas em 2020. Se
apresentarão na sequência as filarmônicas Sociedade Filarmônica Minerva, de
Morro do Chapéu, Lyra Santamarense, de Jiribatuba, Vera Cruz, Ilha de Itaparica
e Sociedade Filarmônica 8 de Dezembro, de Nova Soure irão tocar dobrados e
encerrarão suas apresentações com arranjos de música popular.
No show de encerramento a Oficina de Frevos e Dobrados vai apresentar o
resultado da recente restauração do dobrado “O Navio Negreiro”, do mestre
cachoeirano Tranquillino Bastos e a polaca “Maria Almeida”, com solo do
trompetista Joatan Nascimento. A soprano Irma Ferreira vai homenagear a figura
do Caboclo e a axé music baiana interpretando vários arranjos para voz e banda
filarmônica sem uso de instrumentos elétricos. O 31º Encontro de Filarmônicas
no 2 de julho é promovido pela Fundação Gregório de Mattos e produzido
pela Oficina de Frevos e Dobrados, sob a batuta do maestro
Fred Dantas. Nos anos de 2020 e 2021 o encontro aconteceu de forma virtual
reunindo filarmônicas de várias regiões da Bahia.
Conheça mais sobre as Filarmônicas
Banda de Música da 6ª Região Militar (Salvador). Maestro: subtenente
Martins.
Desde os tempos remotos a música é utilizada não só como meio de
comunicação nos campos de batalha, mas também como elementos psicológico,
animando as tropas. Napoleão Bonaparte valorizava tanto essa formação que, em
1813 escreveu para seu ministro da guerra: “passei em revista a vários
regimentos que não tinham banda. Isso é intolerável. Apresse-se para
envia-las.”
A Banda da 6ª Região Militar sempre promoveu um forte elo entre o
Exército e a comunidade soteropolitana. A função da banda de música é de
fundamental importância nas diversas atividades do quartel, executando hinos,
dobrados e canções militares, principalmente a pulsação da marcha a pé firme, a
marcialidade e a vibração para o desfile das tropas militares.
Atualmente a Banda da 6ª Região Militar é composta por 33 integrantes
sob a chefia e regência do subtenente José Sandro Prazeres Martins da Costa
Sociedade Filarmônica Minerva (Morro do Chapéu). Mestre: Alberto
Caetano.
O ciclo do garimpo nas Lavras Diamantinas se refletiu, felizmente, na
criação ou manutenção de diversas bandas filarmônicas sob patrocínio dos
famosos coronéis que reinavam soberanos em suas cidades. Em Morro do Chapéu foi
fundada em 21 de outubro de 1906, a Filarmônica Minerva pelo coronel Francisco
Dias Coelho, um coronel diferente à sua época, por ser um homem negro e pelo
grande amor à cultura de um modo geral.
Desde a sua fundação a Minerva tem interagido com a vida social da sua
cidade, tendo educado várias gerações de músicos. Foi pioneira na organização
de um encontro de filarmônicas que já chega a uma década de realizações.
Atualmente seu corpo musical conta com 48 músicos, enquanto a sua escolinha de
música - mantida através de convênio com a empresa Enel Green Power,
possui 80 alunos. A Minerva participou do 29º Encontro de Filarmônicas, que foi
realizado de forma virtual, e pela Lei Aldir Blanc realizou uma série de
gravações divulgadas on line, de excelente qualidade.
Filarmônica Lyra
Santamarense – Jiribatuba, Vera Cruz – Ilha de Itaparica. Mestre: Antonio
Carlos de Miranda
A Sociedade Filarmônica Lyra Santamarense é um
verdadeiro tesouro cultural e histórico instalado em uma vila de pescadores da
ilha de Itaparica, que se mantém em atividade graças a várias gerações de abnegados.
Foi fundada em 20 de abril de 1936 em Jiribatuba, antiga freguesia de Santo
Amaro do Catu, distrito da cidade de Vera Cruz, detentora de um grande acervo
cultural material, conhecida por ser um celeiro de músicos, terra do samba de
roda, rica em história e tradição.
A Lyra Santamarense é uma entidade sem fins
lucrativos onde, através da sua escolinha de música, crianças e jovens aprendem
a ler partitura e a tocar instrumentos musicais de sopro e percussão de forma
gratuita. O apoio dos seus sócios contribuintes e da comunidade de Jiribatuba,
garante também a participação da sua banda, que atualmente é composta por cerca
de 45 músicos, nos encontros de filarmônicas, concursos, festivais em toda
Bahia, além de desfiles cívicos, festas religiosas e inaugurações, honrosamente
representando a ilha de Itaparica.
Mesmo com as limitações materiais, com regência do
maestro Antonio Carlos de Miranda segue firme e persistente na sua função
social, levando conhecimento musical e alegria para toda a comunidade, tendo
participado do 30º Encontro de Filarmônicas no 2 de julho, que foi realizado de
forma virtual, e tendo obtido premiação pela Lei Aldir Blanc, realizou uma
série excelente de gravações divulgadas on line, que além da musicalidade,
divulga belas imagens da localidade de Jiribatuba, na Ilha de Itaparica.
Sociedade Filarmônica 8 de Dezembro –
Nova Soure. Mestre: Marcelo Araújo dos Santos
A Sociedade Filarmônica 08 de Dezembro foi fundada em 15 de fevereiro de
1973 pelos idealistas Antônio Guilherme da Silva e José França Paes, com o
objetivo de difundir o ensino gratuito da música e manter uma banda de música
para abrilhantar os festejos sociais, políticos e cívicos do município e da
região. A filarmônica completará 50 anos de existência em 2023.
A cidade de Nova Soure foi originada da Missão Jesuítica de Natuba que,
no final do século XVI conquistou a confiança dos índios Kiriris, juntando-se a
eles colonizadores portugueses que em 1758, oficializaram o distrito de Nossa
Senhora da Conceição de Soure. A cidade, hoje com cerca de 27 mil
habitantes, tem orgulho da sua banda filarmônica e da sua unidade de iniciação,
a Escola de Música Antônio Guilherme da Silva.
De fato, vários talentos alcançaram emprego e renda em bandas militares
e profissionais advindos da filarmônica 8 de dezembro, que hoje conta com 26
músicos ativos, e mais 30 alunos, entre crianças e adolescentes, nos turnos
matutino e vespertino.
O Encontro de Filarmônicas – do qual a Filarmônica 8 de dezembro
participou de formas virtual na sua 30ª edição - é agora de forma presencial
uma oportunidade única de incentivo para continuar a sua luta de manter a
tradição das filarmônicas sendo um exemplo no Nordeste da Bahia. A Sociedade
Filarmônica 8 de Dezembro é regida por Marcelo Araújo dos Santos, músico
formado na Escola de Música Antônio Guilherme da Silva.
Oficina de Frevos e Dobrados (Salvador) - Filarmônica anfitriã. Mestre:
Fred Dantas.
No ano de 1991 a Oficina de Frevos e Dobrados, já com nove anos de
atividades, se uniu ao compositor Moraes Moreira para uma campanha nacional de
valorização das bandas de música, que resultou em programas de TV, viagens e a
gravação de uma linda música, Bandas de lá e de cá. Em uma dessas reuniões, com
o mestre Manoel Zinho, da cidade de Aramari, surgiu a ideia de se criar um
encontro de filarmônicas no 2 de julho.
Moraes participou por dois anos da ação, que teve continuidade com a
Oficina de Frevos e Dobrados, em parceria com a Fundação Gregório de Mattos. O
Encontro é uma das melhores ações da Oficina quer também inclui aulas de
música, participação em eventos significativos como o Carnaval e a Lavagem do
Bonfim, pesquisa e recuperação de antigas partituras e a criação de um novo
repertório que projeta a filarmônica na contemporaneidade.
Este ano a Oficina traz a participação da soprano Irma Ferreira como
convidada especial, cantora que iniciou a série de convites para que artistas
reconhecidos fizessem junto com a filarmônica o encerramento festivo do
Encontro de Filarmônicas. Depois dela participaram Margareth Menezes,
Armandinho e Gerônimo.