Nem só da pecuária e agricultura vivem as comunidades rurais e colônias de pescadores do município de Beberibe, no Ceará. A partir desta quarta-feira (8), a população ganhará um incremento para ajudar nas atividades cotidianas: mais incentivo à leitura. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio do programa Arca das Letras, entregará 26 bibliotecas rurais. A iniciativa tem parceria da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), que coordena o projeto no estado. Com a inauguração das unidades, os beberibenses terão, no total, 28 acervos.O Arca das Letras tem como missão possibilitar o acesso à leitura no campo. Assentados da reforma agrária, quilombolas, indígenas e agricultores familiares são beneficiados pelas ações do projeto. O Ceará é o estado brasileiro com o maior número de acervos rurais do Brasil, são mil em utilização desde 2004. As bibliotecas ficam a cargo de dois mil voluntários que fazem os trabalhos de circulação dos livros, são os “agentes de leitura”. Há cerca de quatro anos, colônias de pescadores de Beberibe utilizam duas bibliotecas implantadas anteriormente As unidades atendem mais de 430 famílias. “A chegada do Arca das Letras proporciona alfabetização para todas as idades. Esta será a segunda entrega de acervos em terras cearenses só em 2012. No mês passado, o MDA implantou unidades em Jaguaretama. Já são 8.820 bibliotecas rurais entregues pelo MDA em todo o Brasil A experiência nos permite afirmar que a população rural tem gosto especial pela leitura”, detalha a coordenadora nacional do Programa Arca das Letras e coordenadora geral de ação cultural do ministério, Cleide Soares. A representante da pasta enfatiza que junto à entrega das unidades haverá a capacitação de 52 novos agentes de leitura. “Eles serão responsáveis pelas novas bibliotecas, contribuindo para o estímulo à leitura de mais de 5.400 famílias”, detalha. Dentre os voluntários que participarão da tarefa, está o aposentado José Rubens de Souza. Após dedicar a vida ao trabalho em plataformas de petróleo, viu nas atividades dos agentes de leitura uma forma de diminuir o analfabetismo na região. “Queremos contribuir de alguma forma para o desenvolvimento da comunidade. Constatamos o sucesso das bibliotecas já existentes em Beberibe. Muitos analfabetos ficaram interessados em aprender a ler e escrever por causa dos acervos”, destaca o aposentado. O futuro agente de leitura enfatiza que o Programa Arca das Letras é um caminho para o progresso. Ele e a esposa, a professora aposentada Cleonice de Souza, já trabalham como voluntários na Associação dos Moradores da Alagoa da Galocha, auxiliando na alfabetização de adultos. “Nós dois seremos agentes de leitura. Fui incentivado por ela, que sempre alertou sobre a importância da educação em comunidades carentes. As crianças precisam de incentivo e é este o propósito dos acervos no campo”, completou José Rubens. Apoio ao Arca das Letras Sobre o programa Mais bibliotecas Em São Paulo, funcionam 261 bibliotecas do Programa Arca das Letras, instaladas em 112 municípios. As unidades foram entregues para as comunidades entre 2006 e 2010, em parceria com o Instituto de Terras de São Paulo (Itesp), Programa Luz para Todos, Furnas, Incra e Delegacia Federal do Desenvolvimento Agrário em São Paulo (DFDA/SP). O Arca das Letras também chegou à comunidade indígena de Engenheiro Fchnnor, do município de Araçuaí, em Minas Gerais, para beneficiar os índios da etnia Pankararu Ipataxó. Com a iniciativa, o MDA já implantou 31 acervos indígenas no estado de Minas, que abrangem outras etnias do território mineiro, os Pankararu e os Maxacali. “Os temas dos livros foram indicados pelos índios de Engenheiro Fchnnor, além de outros assuntos que foram incluídos pelo ministério e que possam ajudar no entendimento de seus direitos, como estatutos. Nossa ideia é contribuir para a valorização da cultura indígena. São títulos de literatura brasileira, literatura indígena, cidadania e meio ambiente”, explica Cleide Soares. Ela afirma que o acervo tem como meta fortalecer a comunidade do ponto de vista cultural. “Acreditamos que a biblioteca é um componente para agregar valor às ações já desempenhadas pelos índios, ampliando as fontes de informação. Temos exemplos de sucesso em outras comunidades, onde o material do Arca das Letras ajudou na criação de projetos locais de técnicas agrícolas”, destaca Cleide. No Paraná, o ministério entregou na semana passada outros dois acervos. O Programa Arca das Letras está em funcionamento em 312 comunidades rurais paranaenses, disponibilizando acesso à leitura para mais de 30 mil famílias. Serviço: O quê: Solenidade de entrega de 26 bibliotecas para as comunidades rurais e diplomação dos agentes de leitura Confira a programação: |