"Hoje em dia as pessoas passam muito tempo no virtual e acabam esquecendo do real, dos seus cônjuges por exemplo. Uma hora alguém vai ter que se mudar." Conhecido por seu livro A tirania do email e por seu Manifesto por uma comunicação lenta, publicado no Wall Street Journal, o jovem editor da revista britânica Granta, John Freeman, ganhou a empatia do público ao comentar sobre a geração atual e sua relação com o mundo virtual. Freeman dividiu a mesa com o mexicano Enrique Krauze, que atualmente dirige a revista Letras Libres. O encontro de gerações, nacionalidades e pensamentos diferentes foi o ponto forte da mesa "No calor da hora", que discutiu principalmente as questões da influência do intelectual e da literatura na cobertura jornalística.
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Quadrinho de gente grande |
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Joe Sacco não frustrou às expectativas de quem acompanhou sua mesa na Flip. É conhecido por misturar as duas artes, quadrinhos e jornalismo, já que, segundo ele, "Jornalismo não é ciência". Arrancou aplausos da platéia em diversos momentos durante a conversa, conduzida com maestria por Alexandre Agabiti Fernandez. |
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Pedalar é preciso |
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David Byrne foi pedalar em Paraty de bom humor. Logo na saída da pousada para um passeio pela cidade com um grupo de ciclistas, foi seguido por fotógrafos e cinegrafistas que corriam pelas ruas de pedra para registrar o artista sobre a magrela. Byrne não parou, mas reduziu e deu risada da disposição de um câmera que se esforçou bastante para conseguir uma boa imagem. As ruas do centro histórico de Paraty foram um desafio: pedras totalmente irregulares, pontos alagados e muita gente passeando. Ao invés de se irritar se divertiu com o desequilíbrio dele e dos outros ciclistas. Depois de uma parada de Byrne para fotografar os barcos tradicionais, a pedalada seguiu para o morro do forte, de onde o artista admirou a vista da Bahia. Pediu ao guia que o avisasse se passássemos por animais interessantes ou por orquídeas, que ele gostaria de registrar. O passeio seguiu pela estrada de terra entre Paraty e Cunha rumo a um alambique tradicional de Paraty. Byrne ouviu atento à explicação de como se produz a cachaça, perguntou sobre a influência do tipo de madeira do barril para o gosto da bebida e ficou espantado ao saber que demora somente entre 3 ou 4 dias para produzi-la. Se interessou, mas não chegou a provar… O passeio seguiu para o poço das andorinhas, passando por sítios, pastos, currais e cheiro de roça. Byrne tirou fotos, andou em volta d'água, mas não se aventurou a entrar. Fazia um frio atípico para a tarde paratiense. Voltamos cheios de poeira, com corpo cansado, mas com a cabeça leve para acompanhar o último dia de Flip. |
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Viagem à Bahia |
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João Ubaldo Ribeiro era uma das estrelas desta Flip. E não decepcionou. Conduziu uma conversa tão a vontade e com tanta alegria que só faltou uma rede, da qual o autor contaria seus casos para uma plateia íntima. Durante uma hora o público sentiu o cheiro do mar de Itaparica e se deixou levar pelo gingado baiano de um dos maiores romancistas brasileiros. Depois desta mesa descontraída e cativante, João Ubaldo Ribeiro falou no “sobremesa”, sobre sua participação em eventos literários.
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Showman na Flip |
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O efusivo James Ellroy entrou no palco de camisa larga, florida, cuja estampa combinava, de forma surpreendente, com as figuras do fundo do palco da Tenda dos Autores. E sua atitude descontraída, suas tiradas de bom humor, suas frases provocativas também o ajudaram a estabelecer uma imediata empatia com a plateia. Nesta noite de sábado, as luzes da Flip se acenderam para um showman que veio de Los Angeles a Paraty disposto a falar de tudo, com todas as palavras e palavrões que julgasse cabíveis: falou do seu método de trabalho, de seus amores, de sua fase de drogado, de sua cabal indiferença à tecnologia e, sobretudo, sempre com reverência, de Beethoven - para ele, a encarnação da divindade. Vamos degustar Oswald de Andrade A última mesa sobre a antropofagia oswaldiana, Pensamento Canibal, contou com trechos de frases do Manifesto Antropófago e dois grandes estudiosos discorrendo sobre o tema: Eduardo Sterzi e João Cezar de Castro Rocha. Antropofagia é um termo que foi muito discutido nesta Flip e mesmo assim, muita gente saiu curiosa, disposta a entender melhor o que significa. É preciso ler, devorar Oswald de Andrade por mais um tempo para chegar perto de uma resposta… mas a semente foi plantada e a descoberta promete ser saborosa. |