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Dom Itamar Vian

O futebol brasileiro

15/02/2011

 

Ainda na década de sessenta, Flávio Costa, um dos melhores treinadores de nossa história, constatava que o futebol brasileiro só havia melhorado dentro das quatro linhas. Era uma acusação contra os dirigentes dos clubes, os populares cartolas. De fato, o Brasil  evoluiu dentro linhas e hoje ostenta o título de pentacampeão mundial, mas além do túnel as coisas estão cada vez piores.

 

O RECENTE episódio envolvendo Ronaldinho, para muitos um ex-jogador(e o caso Ronaldo?), mostra a falta de realismo de nossos clubes. Um jogador de futebol, hoje, ganha salários inatingíveis até para os mais bem sucedidos executivos.

 

O FUTEBOL, no Brasil, é a manifestação cultural de maior talento, mas, assim mesmo, com mais problemas do que vitórias. A grande maioria das organizações futebolísticas do país está mergulhada em dívidas e passivos de toda a ordem. Subsistem porque há paixão e porque há torcedores que investem recursos para manter vivas estas entidades.

 

SEGUNDO a conceituada empresa de auditoria Crowe Horvarth RSC, somente num ano, os clubes que participam do Campeonato Brasileiro acumularam um passivo da ordem de R$ 3,1 bilhões. No topo da lista, está o Vasco da Gama com uma dívida de R$ 337,5 milhões, seguido pelo Flamengo, com R$ 333,3 milhões. Cerca de 60% das dívidas dos clubes são de ordem fiscal. Condescendente, o Estado negocia continuamente esse passivo.

 

O HORIZONTE esportivo, porém, apresenta dimensões fantásticas para os próximos anos, já que o Brasil chamou para si a responsabilidade de organizar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Isso exigirá investimentos colossais em aeroportos, comunicações, rodovias, segurança, rede hoteleira.

 

APESAR do retorno, é uma soma que, certamente, fará falta aos orçamentos da Educação, Saúde e Previdência Social, Segurança Pública... Isso significará que o Brasil, uma das maiores economias emergentes, continuará com pés de barro. Classicamente sobrará circo, faltará pão.

 

DO PONTO de vista religioso o futebol é de grande importância. O apóstolo Paulo, em sua segunda carta aos Coríntios (II Cor 9,24), exorta os cristãos em sua vida religiosa com as seguintes palavras: “não sabeis que no estádio todos os atletas correm, mas só um ganha o prêmio? Correi, portanto, de maneira a consegui-lo”.

+ Itamar Vian - Arcebispo Metropolitano

di.vianfs@ig.com.br

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