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André Pomponet

Reflexões sobre o turismo baiano (II)

22/03/2012

André Pomponet*

Semana passada iniciamos uma discussão sobre as possibilidades que se colocam para o turismo no interior da Bahia. Foi ressaltado o fato que determinadas regiões contam com perspectivas mais favoráveis que outras – seja pelo indiscutível apelo turístico, seja pelos substantivos investimentos que as sustentam ou seja pelos dois fatores combinados entre si – e, quase sempre, acabam privilegiadas em relação às ações governamentais, comprometendo alternativas que dependem mais do apoio estatal.

É o caso dos municípios do Recôncavo, quando comparados com os vistosos Litoral Norte e Litoral Sul da Bahia, parte da Chapada Diamantina e a própria capital baiana, Salvador, que dispõem de visibilidade oficial muito maior em relação ao muitas vezes esquecido entorno da Baía de Todos os Santos.

Um exemplo emblemático é Maragogipe (ou Maragojipe, como prefere a população local). Distante cerca de 150 quilômetros de Salvador, o município conta um artesanato riquíssimo, oferece paisagens fluviais de tirar o fôlego às margens do rio Paraguaçu e tem um dos mais belos carnavais da Bahia, sobressaindo-se as localidades de Coqueiros e Nagé.

Nada disso, no entanto, vai para a publicidade oficial ou conta com generosas inversões governamentais para promoção. Melhorou um pouco nos últimos anos, mas ainda está muito distante da plena exploração do potencial turístico do município.

Competição

Alguns dirão que é impossível competir com Salvador ou Arraial D’Ajuda na captação de visitantes de outros estados e países. E é verdade. O problema, porém, está no foco unidirecional que se dá ao turismo baiano: só se pensa e se deseja os afortunados visitantes estrangeiros que contam com o mundo como opção e não no ainda pouco dimensionado turismo local.

Os feirenses, por exemplo, que visitam Cabuçu e Bom Jesus dos Pobres com tanta sofreguidão, poderiam ser incentivados a visitar Maragogipe. Ou Cachoeira. Ou outros municípios com potencial turístico na região. Para tanto, porém, é necessária uma política articulada que integre os municípios do entorno, incluindo agentes públicos, privados e o Governo do Estado.

Os benefícios mútuos são mais do que óbvios: mais dinheiro circulando nas economias desses municípios significa dizer que a própria Feira de Santana será beneficiada, já que parte desses recursos retornará com a aquisição de bens e serviços na cidade. Mais adiante, esses mesmos recursos podem voltar para esses municípios, constituindo um ciclo virtuoso.

Todos esses passos, no entanto, dependem da elaboração de uma política articulada de turismo interno que vai beneficiar municípios com potencial turístico e aqueles com acentuada vocação comercial, como é o caso da Feira de Santana. O ano de 2012, com eleições municipais, é uma excelente oportunidade para se começar a pensar nisso...

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André Pomponet é jornalista e economista

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