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André Pomponet

Reflexões sobreo turismo baiano (I)

15/03/2012

A publicidade oficial e a cobertura que a imprensa especializada dispensa à Bahia não cansam de exaltar as inúmeras belezas naturais do estado. Nos folders distribuídos em hotéis e agências de viagem, nos sites e hotsites dedicados à atividade turística e nas incontáveis reportagens que circulam encantando potenciais visitantes, no entanto, as imagens consagradas do Elevador Lacerda, do Largo do Pelourinho e do Farol da Barra se repetem, quase enfadonhas. Apesar do discurso da multiplicidade, o turismo baiano é demasiado voltado para Salvador.

Nos últimos anos os maciços investimentos privados em hotéis e em equipamentos de lazer ao longo do Litoral Norte incluíram o roteiro ao repertório turístico da Bahia. Desde sempre, porém, esses empreendimentos focaram turistas com elevado poder aquisitivo, com a captação de visitantes funcionando sob uma dinâmica própria.

Esse é também o caso das alternativas turísticas localizadas no Sul e Extremo Sul da Bahia, a exemplo de Arraial D’Ajuda, que já tem clientela sólida e consolidada num intervalo de muitos anos. Gente famosa dispõe de elegantes chalés na região, deslocando-se frequentemente em helicópteros particulares.

Destoando do turismo litorâneo encontra-se a Chapada Diamantina. Essa se impõe, sobretudo, por suas variadas e quase indescritíveis belezas. Não costuma atrair milionários à procura de aventuras exóticas, mas conta com admiradores cativos do Sudeste do país.

Recôncavo

À exceção da Chapada Diamantina, que segue dependendo dos incentivos oficiais, boa parte dessas opções turísticas é movido por grandes empreendimentos altamente profissionalizados. Dependem menos de articulações com os governantes e menos ainda dos instáveis arranjos de governança.

Mas, conforme sinaliza o antigo clichê, a Bahia possui mil maravilhas. Muitas delas estão dispersas pelo vasto território do estado, necessitando de maior atenção para alavancar o turismo como alternativa para a geração dos tão necessitados postos de trabalho e de fontes contínuas de renda.

Embora a enorme visibilidade que se atribui a Salvador dificulte a percepção, as cercanias da capital contam com inúmeros atrativos que, se devidamente aproveitados, contribuiriam para dinamizar as pequenas economias locais. É o caso óbvio do Recôncavo, com sua arquitetura histórica e suas belezas naturais.

Nunca se leva a sério a afirmação que a Feira de Santana, por sua peculiar formação histórica, também possui atrativos turísticos, sobretudo os relacionados ao turismo cultural. Mas nada impede, todavia, que o município seja beneficiado com o fortalecimento do turismo em municípios próximos, sobretudo do Recôncavo. Esse, no entanto, é um tema para um próximo artigo...

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André Pomponet é jornalista e economista

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