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André Pomponet

Mais 16 mil veículos nas ruas feirenses

25/11/2011

 

Nos últimos anos as reclamações sobre o trânsito de Feira de Santana vem se avolumando: é a buraqueira em ruas e avenidas – inclusive em vias de tráfego mais intenso – é a falta de sincronia nas sinaleiras que aborrecem motoristas e aporrinham pedestres, é a crônica falta de espaços para estacionar no centro da cidade e, recheando todos esses problemas, a proverbial falta de educação no trânsito de motoristas, pedestres, motociclistas, ciclistas, carroceiros e outras categorias dificilmente classificáveis.

Quase sempre as reclamações recaem sobre o poder público: ausência de planejamento, incapacidade de gestão do trânsito e outros argumentos semelhantes. Embora certas queixas, de fato, procedam, há um dado que não pode ser desprezado: o número de veículos em circulação cresce expressivamente a cada ano.

O tamanho da encrenca pode ser conferido no site do IBGE, com base em informações do Departamento Nacional de Trânsito: entre 2009 e 2010 o número de motos, carros, caminhonetes e caminhões em circulação na Feira de Santana cresceu cerca de 15,8 mil unidades.

O maior acréscimo, obviamente, se deu no número de motocicletas: 7,1 mil a mais; embalada pelos juros reduzidos e pela isenção de impostos, a frota automotiva também deu um salto expressivo: mais 6,5 mil unidades foram incorporadas no biênio. As prosaicas caminhonetes alcançaram expansão de 1,3 mil unidades.

Seis anos

Se comparado com os dias atuais, o trânsito na Feira de Santana em 2005 era quase idílico: o número de motocicletas correspondia a quase um terço do atual (17,5 mil contra 46,7 mil em 2010) e a quantidade de automóveis era cerca de um terço menor (47,3 mil contra 67,2 mil atualmente); até o número de caminhonetes mais que dobrou, passando de 4,6 mil naquele ano para 10,4 mil em 2010.

Como a cidade não sofreu nenhuma transformação viária radical no período, os resultados do crescimento da frota podem ser sentidos nas ruas e avenidas do centro da cidade e também em vias limítrofes; é o caso da chamada Ladeira do Nagé, onde costumam se formar enormes filas de automóveis em vários momentos ao longo do dia.

Nas imediações do “Feiraguai” também não é diferente: ali na praça Presidente Médici, a imponderável mistura de cavalos indóceis puxando carroças, bicicletas na contramão, pedestres distraídos, motoristas mal-educados e motociclistas desembestados produz engarrafamentos perpétuos.

Dificuldades

Infelizmente as perspectivas não são promissoras para o trânsito feirense. O tráfego flui, basicamente, por um número limitado de vias (Senhor dos Passos, Visconde do Rio Branco e, transversalmente, pela Getúlio Vargas) e boa parte das vias próximas é estreita, por herança dos tempos de poucos carros e muitos pedestres.

Como a atividade comercial tende a permanecer concentrada no entorno, o que dificulta a redução do fluxo de veículos, talvez uma das saídas seja redirecionar o trânsito dos ônibus intermunicipais – que apenas passam pelo centro da cidade – amenizando o problema. A solução, no entanto, é paliativa e intervenções mais consistentes permanecem necessárias.

Mesmo que alguma medida permitisse redirecionar todo o tráfego transitório para vias alternativas às principais artérias do centro da cidade, mais intervenções são indispensáveis. Afinal, o crescimento da frota em 16 mil veículos em 2010, em relação ao ano anterior, mostra que a retomada do planejamento é um imperativo para frear a situação caótica que se avizinha.

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André Pomponet é jornalista e economista       

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