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André Pomponet

Aeroporto parece que decola

08/10/2011

Depois de longos anos de inatividade, o aeroporto da Feira de Santana foi finalmente reaberto para pousos e decolagens há alguns dias. Há, no entanto, outras novidades que devem ser vistas com otimismo. Uma delas é que uma companhia aérea cogita – por enquanto, apenas cogita – operar voos comerciais no município, algo sobre o que não se fala há muito tempo. Antiga aspiração do feirense, pode se concretizar, caso a crise econômica mundial não se alastre e contamine as perspectivas de crescimento para o Brasil nos próximos anos.

A outra boa notícia é que, no orçamento que se encontra em apreciação na Assembléia Legislativa para 2012, está prevista a aplicação de R$ 150 mil em obras no aeroporto feirense. Aparentemente, está mantida a expectativa que o equipamento volte a figurar entre os interesses do Estado.

Conforme noticiou a imprensa em visita recente do vice-governador e secretário de Infraestrutura, Otto Alencar, foram investidos R$ 1,8 milhão na requalificação do aeroporto, adequando-o às normas da agência responsável pelo setor aeroportuário. Foram esses investimentos que viabilizaram a reabertura do equipamento há alguns dias.

Também se tornou notícia a possibilidade de se conceder à iniciativa privada a operação do terminal, o que converge com as especulações sobre o destino de alguns aeroportos brasileiros. Na oportunidade, ressaltou-se a vocação para a operação de cargas, embora estudos mais profundos ainda sejam necessários.

Logística

Se as boas notícias se confirmarem, a Feira de Santana vai consolidar sua já sólida vocação logística, incorporando mais um modal – o aeroviário – às alternativas de escoamento de produtos e serviços. A confirmação dessa vocação se traduz, naturalmente, em maior riqueza gerada pelo município, além de mais postos de trabalho e elevação de renda.

As alternativas se tornam ainda mais promissoras quando se considera que o aeroporto de Salvador opera muito próximo do limite de sua capacidade que, em breve, vai se esgotar. Como existem obstáculos ambientais para se pensar em novas ampliações, a possibilidade de se recorrer a um outro aeroporto para operações de carga, por exemplo, se tornam crescentes.

Captar parte do tráfego de cargas para o aeroporto feirense, no entanto, exige articulação imediata. É necessário empenho político e empresarial para que o potencial do equipamento se traduza num projeto e que esse projeto seja utilizado no convencimento de potenciais investidores.

Copa 2014

Embora não seja fator determinante – já que a Feira de Santana está excluída do circuito da Copa do Mundo de 2014 – é necessário aproveitar o boom de investimentos e de expectativas promissoras que se desenha com a competição de futebol e atrair recursos que ampliem e modernizem a infraestrutura da cidade. Passado o mundial, certamente as expectativas esfriarão.

A consolidação de uma classe média com maior número de pessoas e a expansão do transporte aéreo no Brasil nos últimos anos colocam a Feira de Santana como alternativa potencial para vôos comerciais, pelo menos no médio prazo. A vocação logística, por sua vez, reforça esse potencial atrativo.

Para que as expectativas promissoras se confirmem, porém, são necessários articulação e empenho dos políticos e da classe empresarial. Com quase 600 mil habitantes e uma atividade econômica pujante, a Feira de Santana não pode mais prescindir de um aeroporto entre seus equipamentos urbanos.

André Pomponet