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André Pomponet

Pensando o sistema de transportes da RMFS

27/09/2011

Depois de uma intensa esgrima política e da apoteótica sessão itinerante da Assembléia Legislativa para aprovar a criação da Região Metropolitana de Feira de Santana (RMFS), ninguém fala mais do assunto, que sumiu do noticiário. É possível que governistas e a oposição estejam se municiando para voltar à carga ano que vem, durante as eleições municipais. Infelizmente, questões cruciais relacionadas à vida da cidade só são abordadas durante o período eleitoral, quando surgem incontáveis candidatos desejosos de se promover junto ao eleitorado.

Provavelmente o primeiro passo para consolidar a RMFS como espaço integrado nas dimensões econômica e social é o fortalecimento do sistema de transportes entre a Feira de Santana e os municípios do entorno: Amélia Rodrigues, Conceição da Feira, São Gonçalo dos Campos, Conceição do Jacuípe e Tanquinho. Afinal, sem um sistema sólido de mobilidade, a integração de fato não sai do papel.

Hoje, deslocar-se para esses municípios tão próximos é um caos: praticamente só existem veículos pequenos e médios, que embarcam e desembarcam passageiros de forma precária em pontos improvisados distribuídos pelo centro da cidade. Expostos ao sol e à chuva, os passageiros abrigam-se sob marquises e padecem com a falta do simples conforto de um sanitário.

Como os roteiros não são pré-estabelecidos, as vans e veículos de porte similar circulam ao sabor das solicitações dos passageiros, o que contribui para tornar o trânsito no centro da Feira de Santana ainda mais desordenado. Os embarques e desembarques aleatórios, em fila dupla, são freqüentes nas principais ruas e avenidas.

Oportunidade

A instituição da RMFS vai exigir o reordenamento do transporte de passageiros entre a Feira de Santana e os municípios vizinhos. É o momento, portanto, da mobilização para garantir transporte regular e regulamentado, infraestrutura adequada para o embarque e desembarque de passageiros e uma tarifa compatível com o status de Região Metropolitana.

A garantia de transporte com preço fixo, itinerários pré-estabelecidos e instalações adequadas para os usuários, além da devida fiscalização dos órgãos competentes, facilita a vida de quem faz dos deslocamentos na RMFS uma rotina e produzir ganhos para a população.

Não se sujeitar às incertezas dos horários dos veículos contribuirá para adensar o fluxo de pessoas entre os municípios da nova Região Metropolitana, beneficiando sobretudo a Feira de Santana, que é a principal referência econômica da RMFS.

Desenvolvimento

Os benefícios para os municípios vizinhos também podem ser significativos. Afinal, os deslocamentos para estudar ou trabalhar serão mais constantes e, possivelmente, com custos menores. O acesso a produtos e serviços na Feira de Santana também pode ser facilitado, favorecendo as economias dos municípios do entorno.

O acesso à qualificação profissional e a postos de trabalho na própria Feira de Santana torna-se possível, permitindo que mais pessoas se desloquem todos os dias, sem a necessidade de mudar de município. Produzir esse cenário positivo, no entanto, exige como primeiro passo a estruturação de um sistema de transportes metropolitano que já deveria estar sendo pensado.

Todos sabem que grande parte da prosperidade da Feira de Santana deve-se ao constante ir e vir de moradores de dezenas de municípios do entorno. Investir na melhoria da infraestrutura de transportes – com a oportunidade que se coloca com a instituição da RMFS – é uma alternativa estratégica para reforçar a condição do município como pólo aglutinador de comércio e de serviços da região.

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André Pomponet é jornalista e economista

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