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André Pomponet

Campus da UFRB reforça condição de polo acadêmico

06/09/2011

 

 

Passou meio despercebida, mas não deixa de ser alvissareira a notícia de que a Feira de Santana vai ganhar um campus avançado da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). A reivindicação, antiga, durante muitos anos alimentou um certo complexo de inferioridade da Feira de Santana em relação a Campina Grande, município do sertão paraibano que, há muitos anos, conta com uma universidade federal e que se tornou referência acadêmica no tórrido sertão nordestino. Municípios até menores no interior mineiro e no interior gaúcho também tem universidades federais, o que alimentou o discurso provinciano de que governantes atuais e antigos não gostam da Bahia.

O problema é que o anúncio não passou de um mero anúncio: fala-se que a cidade ganhará um campus, mas não se disse quando, nem onde e nem quantos cursos serão oferecidos. Pior: a notícia inflamou estudantes da UFRB que, reunidos em Cruz das Almas, decidiram entrar em greve. A alegação é que os recursos para a instituição, já modestos, podem minguar de vez com a criação de mais um campus.

Dada a trajetória do pêndulo eleitoral, tudo indica que o campus será entregue em 2014, a tempo de que se colham dividendos nas urnas, em ano de eleição e Copa do Mundo no Brasil. O que é inquietante, porém, é que alguns dirigentes da UFRB sequer estavam sabendo da decisão, conforme noticiou a imprensa.

Assim, tantas incertezas talvez justifiquem a fria recepção do anúncio na Feira de Santana. Essas incertezas, porém, não devem impedir uma ampla mobilização política para que o município possa contar com um campus, no mínimo, em condições de atender decentemente a ampla demanda pelo ensino superior na região. 

Uefs

A ausência de uma instituição federal de ensino superior na região forçou mais investimentos na Universidade Estadual de Feira de Santana que, nesses 35 anos de existência, consolidou-se como uma importante referência para o ensino superior no interior da Bahia e também em estados limítrofes. Muita gente qualificada que atua interior afora ostenta a condição de ex-aluno da Uefs.

É desejável, portanto, que o campus avançado da UFRB que se pretende implantar na Feira de Santana atue articulado com a própria Uefs, oferecendo oportunidades em áreas nas quais ainda existe carência de profissionais. Note-se que o foco não deve ser apenas a microrregião feirense, mas também municípios mais distantes, cujas carências são ainda maiores.

A implantação de campus de uma universidade federal – ainda que inicialmente conte com estrutura modesta – certamente vai contribuir para reforçar o papel desempenhado pela Feira de Santana de polo regional de ensino superior. Além da própria Uefs, diversas outras instituições particulares contribuem para que essa condição de polo já seja real.

Qualificação

Os ganhos para a Feira de Santana vão muito além da presença física de um campus universitário. Ao longo da última década cresceu o número de habitantes com nível superior completo no município, o que colabora para o desenvolvimento e induz a elevação da qualidade de vida. Muitos que hoje residem na Feira de Santana e oferecem sua mão-de-obra qualificada vieram de cidades menores como estudantes e resolveram fixar residência aqui, depois de formados.

É até ocioso detalhar os benefícios decorrentes da chegada de novos estudantes para a economia local e as oportunidades que se abrem para os próprios feirenses que serão selecionados para estudar na instituição. Mesmo sob o signo da polêmica, não há dúvida que um novo campus universitário é sempre bem vindo.

Resta, agora, esperar pelos próximos passos para a implantação do campus avançado da UFRB. Sem dúvida o campus surge provocando polêmica, sobretudo entre os que se julgam prejudicados. O que há de positivo, no entanto, é que a própria Uefs, na época em que começou a ser implantada, gerou protestos de descontentes em Salvador...

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André Pomponet é jornalista e economista

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