Nem todo mundo sabe, mas o Fluminense de
Feira já figurou entre os dez primeiros colocados numa competição nacional. Foi
em 1964, quando a equipe – campeã baiana no ano anterior – ficou em sexto lugar
na extinta Taça Brasil. Tudo bem que o Touro do Sertão disputou só três jogos e
acabou eliminado sem maiores delongas. Mas essa foi a melhor colocação do
tricolor feirense em toda a sua trajetória em competições nacionais.
O Fluminense só entrou na disputa nas
quartas-de-final, para enfrentar o Ceará. O time de Fortaleza, por sua vez,
vinha de dois mata-matas contra equipes do Nordeste, enfrentando Confiança e
Náutico, que ficaram pelo caminho. Mas esses times venderam caro a vaga, pois
só foram eliminados no terceiro jogo, o extra.
O time feirense também encarou três
vezes os cearenses. No primeiro jogo, em 17 de outubro de 1964, na Bahia, deu
Touro do Sertão: 2 a 1, com gols de Carlinhos e Dedé. William descontou para o
Vozão. A escalação do Fluminense: Mundinho; Misael, Hilton e Silas; Val e Ari;
Dedé, Chinesinho, Renato (Veraldo), Almeida e Carlinhos.
Faltava o jogo da volta, marcado para o
dia 25 de outubro, em Fortaleza, no Presidente Vargas. Para avançar às
semifinais, bastava um empate para o Touro do Sertão. Mas o time não conseguiu
segurar os cearenses: 2 a 0 para o Vozão, gols de Gildo e Val, que marcou
contra. A equipe feirense foi a campo com uma escalação mais cautelosa:
Gustavo; Misael, Hilton, Val e Silas; Chinesinho e Ari; Dedé, Renato (Almeida),
Carlinhos e Neves.
O regulamento, à época, não previa
eliminação pelo saldo de gols, o que favoreceria o Ceará. Foi necessário,
portanto, disputar uma terceira partida, o famoso jogo extra. Quem vencesse,
avançava para enfrentar o Flamengo nas semifinais. O jogo foi no próprio
Presidente Vargas, em 27 de outubro.
O Ceará repetiu a dose: 2 a 0 novamente.
Carlito e Gildo balançaram as redes. O Touro do Sertão foi escalado com
Gustavo, Misael, Hilton, Val e Silas; Adilson e Ari; Dedé, Almeida, Carlinhos e
Neves. Com o resultado, o tricolor voltou para a Princesa do Sertão eliminado e
o alvinegro credenciou-se para encarar o Flamengo. Perdeu os dois jogos, mas o
Flamengo, na final, não resistiu ao imbatível Santos de Pelé, que sagrou-se
tetracampeão.
Por quê o Fluminense de Feira teve o privilégio de entrar só nas
quartas-de-final? É que o desempenho do Bahia na edição anterior – foi
vice-campeão da Taça Brasil em 1963 – garantiu lugar cativo para o representante
baiano a partir daquela fase. O detalhe é que esse representante era sempre o
campeão estadual.
Como quem levantou o caneco do Baianão
em 1963, surpreendentemente, foi o Fluminense de Feira, o Esquadrão de Aço
ficou de fora da disputa. E acabou assegurando ao Touro do Sertão – pela
primeira e única vez em sua história – vaga no Top 10 do futebol
brasileiro bicampeão mundial até então...
André Pomponet