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André Pomponet

Covid-19 avança na Feira, que desrespeita isolamento

11/06/2020

Mais duas pessoas morreram de Covid-19 na Feira de Santana. Já são, portanto, 22 óbitos confirmados. O dado foi divulgado ontem (10), pela Secretaria Municipal de Saúde. Foram confirmados, também, mais 77 casos. Quem acompanha o noticiário percebe que a mortalidade começou a se intensificar agora, nas últimas semanas.

As primeiras mortes foram esporádicas, quase pontuais. Depois, começaram a acontecer com frequência semanal, passando a ocorrer, na sequência, quase todo dia. Desde o começo da semana, houve duas mortes diárias. Sem as medidas restritivas adotadas com variável intensidade desde março, provavelmente seriam dezenas de mortos todos os dias.

O problema é que o índice de isolamento, por aqui, não alcança sequer 50%. Fica oscilando entre 45% e 47%, a depender do dia da semana. Especialistas apontam que o ideal é 70% de isolamento. Com este índice, freia-se a disseminação da doença.

A situação na Feira de Santana está se tornando mais preocupante porque, cada vez mais, se respeita menos o isolamento social. Semana passada – numa incontornável urgência – fui até o centro da cidade. Vi gente sem máscara, gente com máscara no pescoço, gente passeando despreocupada, gente se aglomerando em fila de banco, gente vendendo roupa, discretamente, ali na Sales Barbosa.

Pelos bairros, não falta quem relate aglomerações idênticas. O que fazer? Há quem reivindique mais fiscalização, mais punição, mais rigor. Mas parece que, no patamar atual, o problema é muito mais de consciência que de fiscalização. Alguns, que se julgam imunes, circulam despreocupados, ajudando a disseminar o novo coronavírus.

O detalhe é que mais fiscalização exige mais fiscais, mais equipamentos, mais veículos. Será que a prefeitura dispõe desses recursos? Provavelmente não. Imagino que ninguém defenda aumento da carga tributária para contratar mais gente, mesmo que seja para a fiscalização e a repressão.

Problema adicional são os lunáticos negacionistas e os empresários que só pensam no lucro. Para essa fauna pitoresca, o comércio devia funcionar, como se nada estivesse acontecendo. Atrapalham muito, porque se somam àqueles insensíveis a qualquer esforço de bem-estar coletivo.

A pandemia do Covid-19, aí na praça desde março, está expondo quem, de fato, somos nós, os brasileiros e os feirenses. Não se trata de um julgamento, nem de uma sensação. Não tem nada de subjetivo. Trata-se de uma constatação. Vá lá – uma dolorosa constatação – mas, antes de mais nada, uma constatação.

A partir dela é que devemos traçar nossas estratégias. Inclusive de sobrevivência.


André Pomponet