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André Pomponet

Desemprego cresce no primeiro trimestre em Feira

10/05/2019

No primeiro trimestre de 2019 o desemprego voltou a mostrar as suas garras aqui na Feira de Santana. Foram, no saldo, 480 empregos a menos, no saldo entre admissões (8,7 mil) e demissões (9,1 mil). Os mais penalizados foram os comerciários: no saldo, enxugaram-se 162 oportunidades para esses profissionais. Alguém mais otimista pode enxergar, aí, aquele movimento natural de dispensa do excedente que foi contratado para as festas de final de ano.

O preocupante, porém, é que a redução de empregos alcançou atividades que não se relacionam diretamente ao vaivém natural do comércio. É o caso da construção civil, que registrou, mais uma vez, declínio no começo do ano. No primeiro trimestre, 63 serventes de obras – o popular ajudante de pedreiro – e 53 pedreiros foram dispensados, no saldo entre admissões e demissões.

O enxugamento alcançou também os operadores de caixa – foram 38 postos a menos no saldo – e 26 assistentes administrativos, apurando-se o resultado entre contratações e demissões. Todos esses dados estão disponíveis no site do Ministério da Economia, que herdou um pedaço do esquartejado Ministério do Trabalho, extinto no início do ano. Não dá, portanto, para classificar como notícia falsa, conforme fazem, com frequência, algumas mentes delirantes.

Informações preliminares indicam que o Produto Interno Bruto brasileiro, o PIB, encolheu no primeiro trimestre. O desempenho do mercado de trabalho na Feira de Santana converge com esses indícios. Caso siga nesse ritmo, a fugaz criação de postos de trabalho legada pelo governo Michel Temer (MDB-SP) terá se diluindo no final do ano. Com o país em marcha-ré, é bom não duvidar da proeza.

O preocupante é que o desemprego não é tema que comova o novo regime. A total ausência de propostas para reverter o cenário é um sintoma. Nem no 1º de Maio houve qualquer palavra oficial. No máximo, o controverso presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) se comprometeu, em pronunciamento, a facilitar a vida dos empreendedores, acenando com o genérico “menos burocracia”.

O grande mantra é que, para ter emprego, será necessário abdicar de direitos. Caso as pretensões do novo regime saiam do papel, só vai trabalhar quem se dispuser a abrir mão de praticamente todos os direitos. Valerá tudo para desonerar o patronato. Afinal, conforme adverte sempre o polêmico mandatário do Vale do Ribeira, ser patrão no Brasil é difícil.

Empregos à mancheia já foram prometidos por Michel Temer no governo anterior. Seriam milhões. E nada. Mas Temer, pelo menos, tinha algum recurso teatral com sua retórica bacharelesca. Os que estão aí nem esse talento têm. Imagine-se competência para reverter o quadro...

André Pomponet